Depois de quatro dias, Polícia Civil ainda investiga, com poucas provas, o crime que chocou moradores do município. Contudo, acredita que o corpo é do taxista Juliano Gheno, 45 anos. O laudo não foi concluído, mas fatos apontam que o homem foi morto antes de ser queimado e que os autores premeditaram o crime.
O que restou do corpo carbonizado e do carro queimado foram encontrados no sábado à tarde, no acesso secundário de Linha Anita, interior do município. Perícia feita no local pelo Instituto Geral de Perícias (IGP) de Porto Alegre aponta nas próximas semanas como ocorreu o crime.
Os restos mortais foram encaminhados para o Instituto Médico Legal (IML) de Lajeado. A família terá acesso a eles após o término das análises e a identificação do corpo. A delegada e a juíza da cidade encaminharam um processo de emergência para o IGP a pedido dos familiares, mas o estudo poderá levar anos.
Conforme o auxiliar de perícias, Luciano Pires, a amostra de um osso do corpo foi coletada e encaminhada para o laboratório de DNA do IGP. O sangue e as células da mucosa bucal de quatro familiares – mãe, filho e irmãos –foram colhidos para testar a compatibilidade com os restos mortais.
Pires diz que como o trabalho é minucioso a família terá que ser paciente e esperar o resultado. “Tivemos exames que em um dia ficaram prontos, mas outros aguardam resultados há dois anos”, diz.
Taxista foi visto às 22h
O motorista desapareceu na noite de quinta-feira. Os colegas de serviço dizem que Gheno saiu do ponto de táxi por volta de 19h para atender a um cliente, mas não retornou.
Testemunhas indicam à polícia que o taxista esteve em outros locais algumas horas depois. Uma informação é de que Gheno apareceu em um bar no centro da cidade com mais dois homens. Um deles tem uma cicatriz no rosto e desceu do veículo para comprar uma cerveja. Conforme a delegada de polícia, Elizabete Cristina Barreto Müller, policiais ouviram o proprietário do bar, mas ele negou o fato.
Outra informação é que Gheno foi visto às 22h, de quinta-feira, indo em direção a Guaporé – lado oposto de onde foi encontrado o veículo. A polícia trabalha com a possibilidade de homicídio ou latrocínio (roubo seguido de morte).
A mulher que solicitou a última corrida foi ouvida. A intenção era descobrir a rota feita pelo taxista, mas o depoimento não auxiliou nas investigações.
Agricultores não viram o crime
O veículo queimado foi encontrado nas terras do agricultor Agenor Tonezer. Ele conta que caminhava em suas terras, quando viu o carro. “Não percebi nada porque a mata é fechada, e minha casa fica um pouco longe do local”, diz.
Os vizinhos de Tonezer notaram que havia movimentação de carros na noite de quinta-feira, mas acharam normal porque é comum transitarem veículos à noite. Ninguém sentiu cheiro de queimado, justificando a chuva daquela noite.
Taxistas amedrontados
Amigo de infância e colega de trabalho de Gheno, Samuel da Silva, 34 anos, diz que não sabe como o amigo se envolveu no crime porque era uma pessoa tranquila. Com receio de novas agressões, Silva evita trabalhar à noite.
Carlos Eduardo da Silva, 29 anos, diz que Gheno era uma pessoa reservada. Ele trabalhou com a vítima durante quatro anos como taxista. Carlos acha que alguém de fora da cidade cometeu o crime. “Vem muita gente de outras cidades trabalhar aqui. Foi assalto seguido de morte”, opina.
Caso mostra a importância de aguardar laudos
Na semana passada, uma família de Osório enterrou um corpo equivocado. Silvani Neves de Freitas, 24 anos, desapareceu de sua casa no dia 29 de agosto, domingo. A mãe, Santa Teresa Neves de Freitas, 47 anos, registrou ocorrência na quinta-feira.
À noite, policiais civis encontraram um corpo de uma mulher enterrado em uma estrada do município. O IGP recolheu as digitais e DNA dos parentes, mas pelas vestes o corpo foi reconhecido pela família como sendo de Silvani.
Na madrugada de segunda-feira, a Brigada Militar deteve uma mulher em Nova Tramandaí, no Litoral Norte, porque a acharam parecida com a pessoa que teve a foto publicada como desaparecida. Na delegacia foi confirmado que ela era Silvani. Agora o corpo enterrado deverá ser exumado, e a polícia deve encontrar a quem ele pertence.
Indícios do crime
– O veículo encontrado é do taxista, um Siena branco, placas IQI-9303.
– Os dois bancos frontais estavam inclinados para trás, como se o corpo precisasse ficar deitado.
– O corpo estava envolto em um tecido de fibra.
– A porta do carona estava aberta.