O projeto de transformar a região no Vale dos Lácteos deu um importante passo, na quinta-feira, em um encontro de lideranças públicas e privadas dos 36 municípios realizado na Univates. O evento tratou dos princípios da Carta de Galícia, emitida em março deste ano. A meta é ampliar o Programa de Erradicação da Tuberculose e Brucelose para todo Vale, seguindo o padrão implantado nos seis municípios da Comarca de Arroio do Meio.
Cientes de que a sanidade animal é a primeira e mais importante ação a ser desenvolvida, prefeitos e cooperativas definiram prazos para implantar o programa nas demais cidades do Vale. Os princípios da ação obedecem aos padrões de sanidade, manejo dos animais e da propriedade, genética e políticas públicas municipais, baseadas na experiência da Galícia, visto que o estado espanhol é referência mundial em qualidade de produção leiteira.
Oreno Ardêmio Heineck, coordenador do programa, pela Univates, reiterou que o objetivo é tornar a produção regional uma referência de qualidade dentro e fora do Brasil. A projeção é que em três ou quatro anos todas as propriedades rurais do Vale estejam oficialmente certificadas com o selo de qualidade sanitária. “Os gestores públicos estão convencidos da importância do programa, e agora, com a garantia de ressarcimento dos animais condenados do Ministério da Agricultura e Fundesa, podem iniciar o trabalho nas propriedades”, avalia.
Leite sadio é questão de saúde pública
Para garantir a adesão dos produtores, será oferecida pelo Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa) uma indenização de no mínimo R$ 500 pelos infectados descartados. Paulo Estevão Araújo, promotor de Justiça da comarca de Arroio do Meio, disse que no país apenas cem das milhares de propriedades produtoras de leite e carne são certificadas contra a brucelose e tuberculose. No estado são 50. O projeto estabelece a meta de saneamento oficial dos 36 municípios do Vale quanto à tuberculose e brucelose bovinas
“Por isso, foi fundamental a mudança de cultura que ocorreu entre os produtores. Agora, eles reconhecem a importância do Projeto Vale dos Lácteos. Com os 100% de certificação projetados para daqui três anos, o Vale estará apto para exportações em larga escala para países como a União Europeia e Rússia. Esses locais exigem um selo de qualidade reconhecido nacionalmente para a compra da produção.
João Bogorni, presidente da Associação dos Secretários de Agricultura dos Municípios do Vale do Taquari (Asamvat), acredita que o projeto é fundamental para qualificar as propriedades rurais. Segundo ele, o G8 sinalizou o interesse em participar da captação de produtores e do esclarecimento do funcionamento do projeto. “Mas, acredito que muitos têm dúvidas sobre como se enquadrarem no programa”, diz.
O secretário de Agricultura de Santa Clara do Sul, Fabiano Immich, diz que a adesão se tornou mais fácil após as lideranças do Projeto Vale dos Lácteos garantirem que os produtores que descartarem animais infectados receberão indenizações. “Ficou claro que todos os municípios do Vale precisam falar a mesma língua quando se trata de traçar objetivos e criar oportunidades de crescimento”, acredita.
Para o prefeito de Westfália, Sérgio Marasca, o controle de qualidade da produção bovina e bubalina é fundamental tanto para garantir a saúde de quem trabalha diretamente com os animais quanto para o consumidor final. O prefeito de Anta Gorda, Vanderlei Moresco, destacou o compromisso que cada agente público precisa assumir para concretizar o projeto. “Se ninguém se esquivar da responsabilidade, vamos ser referência nacional, mas para isso precisamos nos mexer já (sic)”, destaca.
Referência de Arroio do Meio para todo as demais regiões
Nesta sexta-feira, comitiva do Vale entrega ofício à Procuradoria Geral de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. O documento solicita a autorização para que o promotor de Arroio do Meio, Paulo Estevão Araújo, auxilie os demais municípios a aplicar o projeto de sanidade. “A sua experiência será importante para esclarecer as dúvidas dos produtores de municípios que pretendem iniciar esse trabalho”, explica Ardêmio.
Próximas ações
Em 2011
-Implantação das práticas gerais sem prazo específico.
-Implantação do selo de qualidade para novilhas, de acordo com regulamentação própria, obedecida pela legislação pertinente.
-Implantação de selo de qualidade por produto, de acordo com regulamentação própria, obedecida pela legislação pertinente.
-Saneamento oficial das propriedades rurais que entregam leite a indústrias de laticínios vinculadas ao projeto (indústrias e prefeituras).
Em 2014
-Controle sanitário de animais em feiras.
-Saneamento oficial dos 36 municípios do Vale do Taquari quanto à tuberculose e brucelose bovinas.
Em 2016
-Produção média de 26 litros de leite/vaca/dia no Vale do Taquari.
-Instalação de central genética regional ou estadual, com possível parceria com a Junta da Galícia.
Em 2020
-Instalação de central regional de geração de embriões, com possível parceria com a Junta da Galícia.