A rotina da aposentada Loreci Scherer Kern, 52 anos, resume-se em manter vivos o marido e o filho que padecem imóveis em camas na sua casa no bairro Conventos ou em hospitais de Lajeado e de Porto Alegre.
O drama da família Kern começou na manhã do dia 20 de novembro de 2005, quando Marco Marcelo Kern, na época com 25 anos, sofreu um acidente de moto. Ele estava na carona do veículo que teve a frente cortada por um fusca em um ponto da ERS-130 na altura do Posto do Arco. Sua colega de trabalho em uma empresa de balas do município morreu no local. Levado para o Hospital Estrela, ele passou por duas cirurgias na cabeça. Por conta da perda de massa cerebral uma válvula foi implantada no crânio para mantê-lo vivo.
Depois de uma semana ligado a máquinas, ele foi transferido para a UTI onde ficou 43 dias antes de ser deslocado para o Hospital Bruno Born (HBB). Lá foram mais 22 dias até ter restabelecida a capacidade de respirar por conta própria e a alta para ser tratado em casa.
O diagnóstico que Loreci ouviu antes de deixar o hospital foi de que o filho não ficaria vivo por mais de quatro meses. Cinco anos depois ele está acordado e segundo a mãe, entende tudo e se comunica com ela por piscadas e por movimentos com a língua.
Hoje, o rapaz vive em uma maca na sala da família e precisa da atenção constante da mãe que lhe oferece limpeza, alimentação e carinho. Mensalmente são mais de R$ 1,5 mil gastos em remédios, nutrição especial, deslocamentos e demais necessidades. Seu filho precisa de cuidados ininterruptos, principalmente nas crises de falta de ar e com a aspiração de fluidos que se formam em seus pulmões, podendo afogá-lo, se a vigilância da mãe e do irmão falhar. Para se ter uma ideia do gasto com Marco, cada mangueira que realiza a sucção do muco de seu pulmão custa R$ 1 e precisa ser trocada a cada procedimento. Diariamente são de 20 a 30 dolorosas sessões de aspiração.
Há três anos, a rotina da aposentada tornou-se mais complicada. O marido Astor Sereno Kern, 56 anos, se encontra-se imóvel do pescoço para baixo devido a uma doença denominada esclerose lateral amiotrófica. A condição manifestou-se cerca de meio ano, após o acidente do filho. Aos poucos os movimentos dos braços e pernas foram tornando-se difíceis, e agora estão impossibilitados.
O aposentado necessita de apoio constante para se mover, remédios para manter corpo e mente longes da dor e, a cada meio ano, deslocamentos ao Hospital de Clínicas em Porto Alegre. Lá ele busca um transplante de medula que poderá significar melhora nas suas condições de vida. Loreci explica que a resposta afirmativa precisa vir logo. Com a saúde deteriorando-se rapidamente, a cada dia fica mais complicado sobreviver tanto à cirurgia quanto à adaptação ao novo órgão.
Com a ajuda do filho de 24 anos, Fábio Junior Kern, a aposentada luta para atender às necessidades do marido e do filho acamados. As noites acordada, dores no corpo e a depressão que a obrigam-na a tomar dois medicamentos diários, ela se diz cansada de tanto sofrimento e que não lembra a última vez em que dormiu por mais de meia hora.
Ajuda insuficiente
Os poderes públicos estadual e municipal têm tanto ajudado quanto falhado com a mãe. Ela afirma que recebe fisioterapia a outros benefícios esporádicos. “Não quero ser injusta, esquecendo de citar quem nos deu a mão nesses momentos tão difíceis. Mas precisamos de mais para superar tudo isso”, diz.
As frequentes interrupções no auxílio com medicamentos e alimentação obrigam a família a arcar com quase todas essas despesas. Isso pode custar o carro, a moradia e os bens que sobraram. Loreci afirma que não há como abandonar o filho e o marido para deslocar-se até a capital e lutar pelo auxílio sem apoio legal.
“Quando construímos nossa casa tínhamos dívidas. Foi com muito esforço que conseguimos dar a volta por cima. Éramos felizes e quando as coisas pareciam bem e sob controle veio tudo isso para nos destruir”, desabafa. Nos últimos cinco anos a família Kern se desfez de carro, terrenos e gastou mais de R$ 100 mil com a saúde de Marco e Astor.
A principal necessidade
A principal necessidade da família Kern no momento é um tubo de oxigênio e o aparelho respiratório que o acompanha. Ambos são fundamentais para a manutenção da vida do jovem durante as crises respiratórias, sem que ele precise deslocar-se às pressas para o hospital. Outras necessidades são o auxílio com medicamentos e cestas básicas e alguém para se revezar com Loreci no cuidado do marido e do filho. Os alimentos especiais para Marco que incluem Albumina e Soyamilk somados ultrapassam R$ 500 mensais. A família pede ajuda da comunidade e poder público para enfrentar a situação dramática. Quem deseja contribuir de alguma forma pode entrar em contato com Loreci pelos (51) 3707-0526 e o 9664-4871.