Para 2010 o governo federal repassou R$ 40 milhões para as obras de duplicação da BR-386, contudo serão utilizados no máximo R$ 15 milhões em quatro meses de trabalho. O restante voltará para a União e será repassado para outras obras nacionais.
Como previsto, as obras da duplicação iniciam-se em setembro. No entanto, mesmo após assinatura da documentação, que garante o início das atividades, as quatro empresas prestadoras do serviço – Conpasul, Cotrel, Iccila e Momento Engenharia – buscam licenças com a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) para instalação do canteiro de obras e a operação de jazidas.
A preocupação das lideranças regionais agora é de buscar recursos para os próximos anos. O prefeito de Fazenda Vilanova e integrante do grupo Pró-duplicação, José Cenci, afirma que o objetivo é incluir no orçamento da União de 2011, R$ 100 milhões. “Para trabalhar o ano todo sem parar, R$ 60 milhões bastariam, mas queremos garantir valores”, cita.
Conhecida como a Estrada da Produção, a BR-386 é uma via de contexto econômico e de infraestrutura de transportes do Mercosul, devido à ligação com a rodovia BR-285, no trecho Carazinho/Santo Tomé – ponte São Borja, que propicia o acesso ao território argentino. Com 454,9 quilômetros de extensão, ela tem a função de escoar as safras agrícolas do estado e beneficiar cerca de 30% da população do estado. As obras orçadas em R$ 147 milhões terão uma extensão de 34 quilômetros e devem estar concluídas em três anos.
Estima-se que a partir de 2011 as pessoas que passarão pelo trecho verão as modificações na via, visto que neste ano serão feitas apenas aterros, terraplenagens e desapropriações de 105 áreas às margens da rodovia.
Índios não são mais problema
As negociações entre Fundação Nacional do Índio (Funai) e Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) estão quase concluídas. A maioria das exigências feitas pela tribo Manoel Soares, que fica às margens da rodovia em Estrela serão acatadas pelo órgão nacional.
Havia o risco de o trecho não ser duplicado, caso as partes continuassem em desentendimento nos três anos de obras. Agora em paralelo com a obra seguirá a construção de uma passarela para a travessia dos moradores da aldeia, um quiosque na beira do asfalto para a venda de artesanatos e mais 18 novas casas para os índios – dez desapropriadas para as obras e mais oito casas solicitadas pelos índios.
O primeiro pedido dos índios foi por um pedágio na localidade. Após as tratativas, antropólogos, Fepan e Ibama foram até a aldeia e os benefícios foram modificados e ampliados. O canteiro central do perímetro duplicado terá seis metros de largura, mas no trecho da área indígena a rodovia será estreitada.