O Programa Minha Casa, Minha Vida, desde abril de 2009 é o carro-chefe das ações habitacionais do governo nacional. A iniciativa tem possibilitado o acesso de faixas de renda que antes não tinham vez no setor imobiliário. No entanto, na esteira dos créditos e condições de pagamento oferecidas surge um problema. Em todo o país faltam profissionais de base para manter o ritmo acelerado dos canteiros de obras para garantir o cumprimento de prazos tanto no setor público quanto no privado.
A projeção do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-RS) é de que em 2010 serão gerados no estado cerca de 25 mil novos postos de trabalho na área. Até maio foram 11.699 novas vagas, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – (Caged). Segundo a estimativa do Departamento de Economia e Estatística da entidade, em comparação com igual período de 2009, a construção civil gaúcha cresceu 9,67% no primeiro semestre de 2010.
Na região, “o mercado da construção não alcança seu pleno potencial pela escassez de mão de obra”, alerta Leandro Eckert, presidente da entidade no Vale do Taquari. Hoje, são pouco mais de 5,2 mil profissionais cadastrados na instituição para 650 empresas do setor. Dados que não abrangem quem atua no mercado informal. Faltam mestres de obras e carpinteiros, instaladores elétricos e demais profissionais para atuar no serviço braçal das obras, principalmente pedreiros e pintores. “Muitos deles abandonam a construção civil atraídos pelos postos de trabalho nas indústrias”, afirma Sidnei Schmidt, sócio-proprietário de uma construtora lajeadense que emprega em torno de 160 pessoas.
Cassiano Pirkheuer, agente de recrutamento do Sine de Lajeado, afirma que o número de cadastrados na instituição não é suficiente para suprir a demanda regional. Segundo ele, a capacitação não é mais pré-requisito para a maioria das vagas disponíveis nessa frente de trabalho. Ele concorda com Eckert que serventes, pedreiros e carpinteiros são artigo raro hoje. “Muitas empresas de Estrela e Lajeado além de oferecer o treinamento chegam a buscar mão de obra em cidades como Rio Pardo e Santa Cruz do Sul para garantirem seus prazos”, revela. Segundo ele, uma das formas para suprir a demanda por profissionais é a utilização da mão de obra de apenados. “Uma forma importante para oferecer a ressocialização dos presos”, afirma. O pagamento é a redução de pena. Três dias trabalhados reduzem em um o período da sentença.
Quem estiver interessado por uma carreira no setor da construção pode comparecer à sede da entidade no centro de Lajeado munido de carteira de trabalho, identidade e CPF e preencher um cadastro que será encaminhado às empresas. Pirkheuer acrescenta que não é só na construção civil que falta mão de obra masculina. A indústria encontra dificuldade em preencher as vagas. “A maioria delas é exclusiva para homens. Enquanto isso diversas mulheres permanecem desempregadas”, diz.