Durante esta semana a unidade do Frigorífico Marfrig anunciou o desligamento de 70 funcionários da área de produção e de logística. As rescisões foram encaminhadas pela direção ao Sindicato dos Trabalhadores do Fumo, Alimentação e Afins de Venâncio Aires.
A informação foi ratificada durante reunião entre representantes da empresa e da categoria sindical na quinta-feira, dia 12. Conforme o presidente do sindicato, Rogério Borges Siqueira, um dos motivos alegados pela direção seria a desativação do abatedouro e desossa. “A unidade será transformada apenas em ponto de distribuição de carne. O abate será feito em outras unidades localizadas no estado, diminuindo custos com pessoal e com transporte”, observa. Siqueira lamenta a decisão do grupo. “A lógica dessas empresas de grande porte seria de aumentar o número de funcionários e não demitir. Não podemos confirmar, mas o número de demissões ainda pode ser maior”, revela.
Siqueira destaca que para minimizar o impacto financeiro, a representação sindical busca com a empresa uma gratificação aos funcionários. Segundo ele, o momento é de espera por uma resposta da Marfrig. Ele explica que os valores a serem pagos foram assegurados, sendo que o processo de rescisão ocorre nos dias 25 e 26 deste mês. Siqueira estima que a maioria dos funcionários demitidos é morador de Mato Leitão.
O prefeito Carlos Bohn diz que a situação preocupa, porém acredita que seja apenas momentânea. “Acreditamos que seja apenas uma política de ajustamento que é comum a todas as empresas. Ninguém ficará desempregado, pois nossa economia é diversificada e oferece opções de emprego em várias áreas, graças aos incentivos que estamos concedendo desde o início do governo”, garante.
Bohn explica que a administração está firmando parcerias para qualificação de mão de obra e incentivando as empresas instaladas na cidade. Com isso novos postos de trabalho são gerados. “Criamos uma lei para auxiliar as pessoas que queiram se profissionalizar. Hoje, 41 usufruem desse benefício. Estamos preocupados em criar empregos e ter mão de obra qualificada para preencher as vagas nas empresas”, comenta.
Funcionários anseiam por novo emprego
O anúncio das demissões deixou os funcionários apreensivos. André Estrai, 36 anos, trabalhou durante dois meses no abatedouro e nesta semana, após o fechamento do setor, foi transferido para a área de carregamento. “Todos estão com medo de serem demitidos. Ninguém esperava por isso. Tenho contrato até 18 de setembro, mas depois dessa data não sei como ficará minha situação na empresa”, comenta.
Gilberto Nunes, 48 anos, foi demitido na manhã de quinta-feira. “Foi uma surpresa. Não tenho nada em vista, mas acredito que logo conseguirei outro emprego. É difícil, tenho família e aluguel para pagar. Não sei como ficará a situação lá em casa, a empresa sequer avisou que seríamos demitidos”, lamenta. Nunes trabalhava há cinco meses no abatedouro e não terá direito ao seguro-desemprego.
Saiba mais
O Grupo Marfrig é composto por mais de 90 unidades industriais, presente em 13 países nos quatro continentes. O volume total de produção de alimentos industrializados do Grupo Marfrig é hoje de 72,6 mil toneladas/mês. Na unidade Mato Leitão estão empregados cerca de 300 funcionários e o abate de bovinos chegava a 380 unidades por dia. No total, a empresa mantém cerca de cinco mil empregos diretos e o faturamento previsto é de R$ 2,5 bilhões em 2010. O grupo Marfrig Alimentos tem sua sede em Santo André São Paulo.