A retirada de mais uma linha de ônibus intermunicipal na região evidencia uma crise presente desde 1995 no setor do transporte público coletivo. A partir deste mês, não haverá mais ônibus às 19h, partindo de Santa Clara do Sul com a Lajeado. Segundo Clóvis Luiz Büchnir, sócio-gerente da empresa Via Sul, responsável pelas linhas entre os dois municípios, esse horário era reservado aos estudantes universitários, mas eles encontram outros meios para se deslocar até o centro universitário.
“Fizemos uma reciclagem interna e percebemos que esse era o horário que mais resultava em prejuízos para a empresa”, informa.
De acordo com Büchnir, nos últimos meses, o número de passageiros nessa linha não passava de quatro. Para ele, isso é decorrência do advento de outras formas de transporte, principalmente as vans.
“Esses veículos buscam e levam os estudantes na porta de casa, fica inviável concorrer com eles”, lamenta. Para o gerente da empresa de transporte coletivo Ereno Döor, Fabrício Schneider, a queda no número de passageiros é decorrente do aumento das tarifas de ônibus urbanos e intermunicipais,
superando os números da inflação nacional. Segundo ele, o aumento dos insumos em combustível, manutenção, pneus e óleos refletem no preço das tarifas. “Isso desmotiva o transporte público”,
avalia. Outra razão da crise, de acordo com Schneider, são os isentos de tarifas. Ele reclama da falta de apoio dos governos municipais, estaduais e federal no subsídio dessas tarifas, citando como exemplos de isentos as mulheres gestantes, os idosos, as crianças com menos de 5 anos de idade, os agentes de saúde, os policiais militares, os deficientes físicos e os funcionários dos correios.
O aumento do poder aquisitivo das pessoas, que hoje dispõem de facilidades para compra de veículos, é citado como outra causa.
Queda de 7% ao ano
Com uma média de 14 mil usuários de transporte coletivo para uma população de 72 mil habitantes, Lajeado perde em média 7% de passageiros ao ano. Quem garante isso é Schneider, afirmando que a realidade se perpetua desde 2000.
“Agora, neste ano, a queda foi um pouco menor. E a esperança é que isso melhore nos próximos anos”, acredita. Para ele, é necessário um investimento maior do poder público em infraestrutura viária, assim
como em novas paradas de ônibus e benefícios para as empresas de transportes. “Isso traria de volta os passageiros e acabaria com os problemas, como o excesso de carros nas vias públicas e a poluição gerada por eles”, diz.