Vale do Taquari –Em 30 dias, iniciam-se as obras da duplicação da BR-386 – trecho Estrela/Tabaí. Na manhã de quinta-feira, foi assinada a ordem de serviço pelo ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos e entregue aos construtores que executarão a obra. O presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva, não veio ao Vale do Taquari, mas assistiu à cerimônia por videoconferência da Usina do Gasômetro, em Porto Alegre, onde foi lançado o edital de duplicação da BR-116 – Porto Alegre/Pelotas.
Conhecida também como a Estrada da Produção, a BR-386 é uma via de contexto econômico e de infraestrutura de transportes do Mercosul, devido à ligação com a rodovia BR-285, no trecho Carazinho/Santo Tomé – ponte São Borja, que propicia o acesso ao território argentino. Com 454,9 quilômetros de extensão, ela tem a função de escoar as safras agrícolas do estado e beneficiar cerca de 30% da população do estado. As obras orçadas em R$ 147 milhões terão uma extensão de 34 quilômetros e devem estar concluídas em três anos.
Ao encontrar com os proprietários das construtoras Conpasul, Cotrel, Iccila e Momento Engenharia, antes da cerimônia, a frase dita pelo ministro foi mais incisiva do que o próprio documento de ordem de serviço:
lib/tinymce/jscripts/tiny_mce/themes/advanced/langs/pt.js” type=”text/javascript”> ldquo;Trago a ordem do governo e queremos que vocês iniciem a obra já”. Conforme o ministro, a sociedade organizou-se e solicitou a obra, mas teve que esperar mais de dez anos para o pedido sair do papel. Passos comentou que o governo sab
e da nova iniciativa da região na busca da extensão da obra até Soledade e explicou que até o fim do ano será feito um estudo de viabilidade para a continuação da obra.
Para o empresário Nilto Scapin, a obra é importante para o crescimento regional e estadual. Ele lembra que são quase três décadas de espera por uma rodovia alargada e que a vitória foi daqueles que se mobilizaram. “Estamos colhendo os frutos que plantamos com as mobilizações”, diz. Ele acredita que o fluxo na rodovia deverá melhorar, e os acidentes diminuirão.
O presidente da Associação de Indústria e Comércio de Lajeado (Acil), Walmor Scapini, diz que a duplicação é uma conquista local, estadual e até internacional, visto que passam pela via veículos de vários países. A ampliação da rodovia, na visão do empresário, influenciará na economia. “Os veículos chegam ao destino mais rápido e com um ritmo melhor, devido ao fluxo”, conta. Ele diz que as mesmas entidades que lutaram pela duplicação no trecho Tabaí/Estrela, agora, buscam a continuação até Soledade. “Queremos que o estado invista na região o que nos damos de retorno a ele”, comenta.
O presidente da Câmara de Indústria e Comércio (CIC), Oreno Ardêmio Heineck, diz que a obra será um tributo à vida. “Com ela vidas devem ser poupadas, e novos empregos gerados”, comenta. Heineck conta que a União fará o projeto da ampliação da duplicação até Soledade nos próximos dias e que prometeu até o fim do ano licitar a nova obra.
O vice-presidente do Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat), José Luis Cenci, afirma que a duplicação é a obra que o Vale precisa para se desenvolver. “Ela poupará muitas vidas ao longo dos anos”, diz. Cenci comenta que a mobilização das entidades da região foram feitas para melhorar a qualidade de vida dos moradores e dos motoristas envolvidos diariamente com a rodovia.
Mais empregos e melhor fluxo
Para os operadores de máquina pesada, Délio Afonso Lenhard e José Ademir Scherer, o alargamento da rodovia favorecerá seus próprios empregos. Funcionários de uma das construtoras que farão a obra, consideram-se parte da história da duplicação. Lenhard conta que utiliza diariamente a via como motorista, e que a obra beneficiará o fluxo, “vamos chegar mais cedo ao nosso destino, porque teremos duas pistas para desafogar o trânsito”.
Manoel José Palm, colega de Lenhard e Scherer, mas diferente deles, mora às margens da BR-386 e diz ter testemunhado muitos acidentes. “Agora será o motorista que terá que fazer sua parte, porque a via dará condições para isso”, diz.
Trecho perto dos índios é problema
Foi confirmado pelo ministro Passos antes da cerimônia que parte do trecho, nas proximidades da área indígena, será um dos próximos desafios do governo, visto que há impasses entre Fundação Nacional do Índio (Funai) e Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Caso não haja acordos entre as partes nestes três anos de execução da obra, o trecho corre risco de não ser duplicado.
A Funai exige do Dnit alguns benefícios para tribo caingangue que vive na localidade, como um túnel para travessia na rodovia, uma ciclovia para caminhadas e um quiosque para a venda dos artesanato.
O primeiro pedido dos índios foi por um pedágio na localidade. Após as tratativas, antropólogos, Fepan e Ibama foram até a aldeia, e os benefícios foram modificados e ampliados. As adaptações devem estar incluídas no orçamento e serão feitas simultaneamente com a duplicação. O canteiro central do perímetro duplicado terá seis metros de largura, mas no trecho da área indígena a rodovia será estreitada, onde o canteiro será apenas uma mureta.
Presidente da Acil Walmor Scapini : “Com a duplicação as empresas reduzirão custos e ganharão tempo”
Presidente da CIC Oreno Ardêmio Heineck: “A duplicação é um tributo à vida. Com ela vidas serão poupadas, e novos empregos gerados”
Empresário Nilto Scapin: “Estamos colhendo os frutos que plantamos com as mobilizações”