Vale do Taquari – Finalizada a Copa do Mundo da África do Sul, o Brasil começa a se preparar para o seu mundial, e o Vale do Taquari não quer ficar de fora. A possibilidade de ter alguma cidade como subsede da copa, trazendo para cá uma seleção nacional, motiva lideranças e entidades ligadas ao turismo. Em novembro do ano passado iniciou-se os preparativos, quando o então secretário extraordinário da copa no estado, Paulo Odone, esteve em Estrela e ouviu relatos de prefeitos e de empresários sobre a estrutura atual da região e os planos de desenvolvimento para que o projeto possa ser realizado. Agora, representantes da Amturvales, Codevat, Amvat e Câmara da Indústria e Comércio – Vale do Taquari (CIC-VT) reúnem-se nos próximos dias para criar uma estrutura executiva que trate exclusivamente do assunto Copa do Mundo. “Cogitamos até a contratação de um executivo regional que trabalhe para o Vale”, afirma Oreno Ardêmio Heineck, presidente da CIC-VT, acrescentando que tanto as receitas geradas por um evento desse porte, como o desenvolvimento pelo qual a estrutura do vale passará são duas das grandes motivações da comitiva para seguir trabalhando.
Segundo Heineck, a comitiva trabalhará em duas vertentes. A primeira será baseada na hipótese de uma seleção escolher Lajeado como subsede, já que o município foi o único da região a se candidatar junto ao governo estadual para essa finalidade. Sendo assim, será importante a conclusão do novo estádio do Clube Esportivo Lajeadense que serviria como campo de treinamento para os atletas. Uma ampliação do complexo esportivo da Univates também seria necessária. “Precisaríamos aumentar a área das piscinas, bem como a academia l
á localizada”, diz. No caso de Lajeado não vir a ser uma subsede, a comitiva pretende trabalhar para que os milhares de turistas que estarão no estado venham conhecer o Vale do Taquari. De acordo com Heineck, seria necessário para isso uma sequência de fatos, entre eles, a conclusão das obras de duplicação da BR-386; a ampliação e reforma do aeródromo de Estrela; a integração das rotas turísticas da região; e um alto investimento na rede hoteleira, gastronômica, e na capacitação das pessoas, a fim de receber os turistas.
Acessos à região
Heineck destacou as diversas opções de acesso à região, que segundo ele, conta com possibilidades rodoviárias, por meio das BR´s 386 e 116, RS´s 453, 129 e 130; hidroviárias, pelos rios Guaíba, Jacuí e Taquari; ferroviária, pelo Porto de Estrela; e aeroviária, se deslocando por 115 quilômetros até o Aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre, pelas BR´s 386 e 116. “Estamos muito próximos da capital do estado, e de polos como Bento Gonçalves”, salienta, acrescentando que está em negociação o asfaltamento da rodovia que liga os municípios de Muçum e Santa Tereza, num trecho de 20 quilômetros, proporcionado uma nova ligação entre o Vale do Taquari e a região da Serra Gaúcha.
Diversidade de etnias
As diversas etnias na região são citadas por Heineck como uma forma de melhor ambientalizar os jogadores estrangeiros. “Aqui temos etnias lusitanas, alemãs, italianas e afro. Fundamental para que as delegações se sintam mais próximas de casa”, observa. Segundo ele, esse fato facilitaria, entre outros aspectos, a comunicação entre a comunidade e os estrangeiros, tanto atletas como turistas.
Turismo é o foco em Estrela
Segundo o prefeito Celso Brönstrup, a cidade tem condições de abrigar uma seleção mundial, mesmo que a disputa seja com municípios com melhor estrutura para a recepção de turistas. Para ele, a administração trabalhará a recepção aos turistas independentemente de ser ou não uma das subsedes. “Acreditamos que um evento desse porte agregará muito ao nosso município”, diz. Entre as novas obras realizadas, ele cita a construção de mais 970 metros de pista no Aeródromo Estadual e o cercamento do local, duas exigências feitas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Outros fatores citados por ele são a construção do Centro de Atletismo, que já está em andamento, e localiza-se a menos de 50 metros do Hotel Palace, que também está sendo estruturado com ampliação de 80 a 90 quartos, e construção de novas salas de convenções. “Aliado a isso, estamos muito bem estruturados nas questões de telecomunicação, trânsito e segurança. Sem falar na pequena distância da capital”, observa. A recuperação do Estrella Futebol Clube e sua estrutura, com apoio da administração, e a manutenção da via férrea são outros fatores citados por Brönstrup.
Benefícios da Copa do Mundo
Para o presidente da Associação dos Municípios de Turismo do Vale do Taquari (Amturvales), Ronaldo Zarpellon, a Copa do Mundo do Brasil em 2014 será a grande oportunidade da região colocar suas rotas turísticas em exposição. “Estamos nos estruturando na questão do turismo. Temos cinco rotas turísticas, falta buscar agências e parceiros para levar os turistas a esses locais”, observa. Zarpellon explica que o principal problema é a falta de vagas nos hotéis da região, que, segundo
ele, suportam no seu limite as demandas do dia a dia. “Porém, basta um evento ocorrer para que os problemas apareçam”, salienta, anunciando que num período de dois anos, Lajeado deverá contar com mais três hotéis com capacidades superiores a cem quartos.
Zarpellon assegura que o evento trará benefícios para diversas áreas e não só ao turismo. Para ele, questões como segurança pública, gastronomia, infraestrutura viária, transporte coletivo e capacitação de pessoas deixarão um legado importante para a região. “Para se ter uma ideia, nossos atendentes iniciam na próxima semana cursos de inglês, pensando nos turistas estrangeiros”, anuncia, acrescentando que a qualificação profissional será necessária para que os turistas possam ser bem atendidos, enquadrando taxistas, garçons, atendentes em geral, comerciantes e outros profissionais. “Estamos com uma verba de R$ 130 mil da Consulta Popular para iniciarmos esses investimentos. É apenas o começo, mas vamos trabalhar muito para darmos esse salto necessário no setor turístico”, finaliza.
Lajeado quer ser subsede
Com mais de 70 mil habitantes, a cidade pólo do Vale do Taquari almeja ser uma das cidades subsedes no estado. Para isso, explica o secretário de Esporte e Lazer, Carlos Kayser, um estudo está sendo realizado pela administração, analisando critérios como número de leitos de hotéis e pousadas; acessos viários; estruturas para treinamento; distâncias de outros polos; entre outros. “Encaminhamos o pedido junto ao governo do estado e agora estamos finalizando esse projeto. Na nossa concepção, temos condições de estarmos prontos daqui quatro anos”, afirma. A questão envolvendo o novo estádio do Lajeadense, principal local para treinamentos, é outro fator a ser discutido. Segundo a secretária de Meio Ambiente, Simone Schneider, a obra está embargada por questões ambientais e sob cuidados do Ministério Público. “Depende da direção do clube enviar para a Fepam um projeto, que em dez dias o mesmo será repassado para a Sema. A partir daí, desembargaremos uma parte do terreno para construção das arquibancadas”, informa.
Principais necessidades do Vale do Taquari
– Duplicação da BR-386
– Conclusão do aeródromo estadual de Estrela
– Ampliação da rede hoteleira e gastronômica
– Capacitação de pessoal para recepcionar turistas
– Manutenção e melhorias nos principais acessos viários da região
– Construção e reforma de centros de treinamento
– Investimentos nas áreas da segurança e saúde
– Interligação das atuais rotas turísticas