Empresário mata ex-mulher e enteado, após suicida-se

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Empresário mata ex-mulher e enteado, após suicida-se

Lajeado – Um crime passio­nal assustou mo­radores do bairro Universitário. O empresário Gilmar Adriano Tom, 35 anos, inconformado com a separação matou a ex-companheira, Raquel Campos, 38 anos, e o enteado, Alisson Fernandes Campos, 16 anos, por volta de 13h30min da quinta-feira. crime

Raquel dormia há mais de uma semana na casa da amiga Jociane Nilson e dizia a ela que queria se separar de Tom. Conforme testemunhas o ca­sal, natural de Santa Cruz do Sul, discutia nos últimos dias porque ele estava com altas dívidas em nome da loja de acessórios que tem no centro da cidade.

Com a intenção de sair defi­nitivamente de casa, no início da tarde, Raquel foi até a casa do companheiro com o filho Alisson para pegar suas roupas e objetos. O rapaz desceu do carro no mesmo instante em que Tom estacionou sua picape ao lado do veículo Meriva de

Raquel. Conforme testemu­nhas, irritado, Tom abriu a porta do Meriva e disparou um tiro contra Raquel, acertando a cabeça. A mulher morreu, segurando seu celular. Agentes da Polícia Civil acreditam que ela desconfiava dos atos do marido e tentava pedir ajuda.

Ao ver a morte da mãe, Alisson fugiu em direção à rua, e Tom disparou mais dois tiros que atingiram as costas do jovem. “Quando viu o menino caído no chão e a desgraça que ocasionou, Gilmar atirou em sua cabeça e morreu”, disse um homem que presenciou o crime. Segundo o delegado de Polícia, José Romaci Reis, Tom des­carregou o revólver calibre 38 – seis tiros –, mas apenas quatro estavam nos corpos. Tom ainda mantinha dentro da picape um revólver de brinquedo. crime

O crime também foi presen­ciado pela filha adolescente de Tom e pela empregada, que estavam dentro da casa. Em estado de choque a menina acompanhou a retirada dos cor­pos dos familiares que ficaram mais de duas horas estirados no pátio ao lado da residência. A empregada que trabalhava há anos na residência do casal comentou que ele era agressivo e estúpido, quando falava com Raquel. Uma funcionária da loja disse que Alisson não gos­tava do padrasto, mas sempre conversava com a mãe para que os dois não brigassem, incenti­vando a reconciliação.

O diretor da escola Gustavo Adolfo, Edson Wiethöltch, onde Alisson estudava, esteve no lo­cal do crime. Conforme Edson, o rapaz era um ótimo aluno. “Estamos inconformados, ele era bom menino. Educado e tinha adoração por leitura”, emocionou-se. Mesmo de férias a escola declarou luto oficial.

Perfis psicológicos dos criminosos

Conforme o psiquiatra Alexsandro Bennemann, em contato com outra pessoa, o indivíduo pode desenvolver características que antes não tinha, ou que se encontravam ocultas, sejam boas ou más. As particularidades são seme­lhantes entre as pessoas que cometem crimes passionais. “São sujeitos que geralmente têm grande dificuldade de lidar com a frustração, não conse­guem suportar a rejeição ou a perda”, diz.

O psiquiatra relata que es­sas pessoas, geralmente, têm uma falha na formação do caráter, que remonta à sua infância, tendo dificul­dades para discernir o certo e o errado. Em situações de crise, sob determinados agentes estressantes, agem impulsivamente, muitas vezes de maneira agressiva e incon­sequente. Ele acrescenta que condições socioeconômicas e a educação que receberam não influenciam no crime.

Existem dois perfis psico­lógicos entre os criminosos passionais: o que tem per­sonalidade dependente, que projeta no outro a sua vitali­dade e força motora (ou seja, sem o outro ele se sente sem vida, apagado, incapaz de continuar fazendo suas coisas normalmente, como trabalhar e estudar), e o possessivo, que é o indivíduo que necessita exercer o controle e o domínio sobre a outra pessoa.

Bennemann acredita que o indivíduo que comete crimes passionais é um psicopata, “nada justifica tirar a vida de outra pessoa, e é pior ainda quando o faz alegando amá-la”.

Geralmente, são os ho­mens que cometem crimes passionais, pois eles têm naturalmente um comporta­mento mais agressivo (o que é determinado geneticamente e está relacionado à produção de hormônios como a testosterona). As mulheres procuram ajuda especializada com muito mais frequência e aprendem a lidar melhor com seus sentimentos, superando as frustrações. Por sua vez, o homem não aceita e não gosta de falar sobre seus sentimentos, o que os leva algu­mas vezes a repetir e perpetuar comportamentos e atitudes que prejudicam a si próprios, à sua família e a toda a sociedade.

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