Cansados da desvalorização de seu trabalho, dez trabalhadores seletivos da Usina de Tratamento de Lixo (UTL) assistiram à sessão da câmara com cartazes, pedindo ajuda aos vereadores na questão do aumento salarial. Hoje, eles recebem R$ 481, mais 40% de insalubridade, e R$ 220 de vale-alimentação. “Não estamos pedindo nada demais, apenas o que é nosso direito”, diz Natali Cardoso dos Santos, que trabalha há três anos na UTL. Segundo ela, o pedido dos funcionários é por um salário mínimo regional, por isso uma ação judicial foi apresentada por dez trabalhadores contra a administração municipal, e a audiência está marcada para o dia 18 de agosto, no Ministério do Trabalho.
Outra funcionária, Liane Schaab, afirma que “ninguém aceitaria trabalhar com lixo ganhando o que ganham”. Para ela, é preciso uma maior valorização da classe, responsável pela limpeza do lixo urbano, pelo manejo do meio ambiente, e com uma carga horária de 44 horas mensais. “Batalhamos todos os dias sem as mínimas condições de higiene. O mínimo que podem fazer é pagar o salário-base regional”, reclama. Para sua colega, Christa Schiebe Martin, o fato dos funcionários arriscarem sua saúde em meio a produtos químicos, animais mortos, e outros dejetos, acarreta doenças. “Assim, temos de tirar atestado e perdemos boa parte do dinheiro da insalubridade e do vale-alimentação”, diz.
Administração aguardará processo
De acordo com o prefeito, Celso Brönstrup, a administração municipal ainda não teve acesso à ação judicial, por isso prefere não anunciar as medidas que serão tomadas para resolver a questão. Segundo Brönstrup, uma consulta foi feita com trabalhadores da mesma classe em diversas cidades da região, onde ficou constatado que o salário pago pelo município a eles está entre os maiores.
O que dizem os vereadores
Cristiano da Rosa (PMDB) citou o projeto de lei que está sendo analisado pelos vereadores em que parte dos servidores municipais receberá aumento, sugerindo que todos fossem reajustados. Para José Alves (PTB), é inaceitável um pagamento tão baixo. Na sua opinião, será difícil conseguir pessoas dispostas a trabalhar num local em que recebem tão pouco. “Os funcionários que trabalham na UTL ganham um salário de fome.” Gilberto Fensterseifer (PP) lembrou a visita que os vereadores fizeram ao local, destacando que embora a usina seja bem cuidada, o cheiro é muito forte.
Marco Wermann (PT) relatou que na visita pôde testemunhar a falta de consciência das pessoas no momento do descarte, pois viu um pedaço de carne no meio do lixo – e que poderia ter sido doado a quem passa fome – e uma embalagem de agrotóxico, que misturado ao lixo doméstico, quando prensado, causou mal-estar em muitos que estavam lá. “Entramos num consenso, nem por R$ 1,5 mil trabalharíamos lá, dado as condições que é”, critica.