Vale do Taquari -Os distritos de Costão, em Estrela; Bela Vista do Fão, em Marques de Souza; e Forqueta, em Arroio do Meio, poderão se emancipar da cidade-sede em 2014, caso o projeto de lei complementar que tramita na assembleia na Comissão de Constituição e Justiça seja aprovado. Com isso, os pedidos de criação, incorporação, fusão e desmembramento de municípios serão definidos por uma comissão de deputados, e o processo não será mais encaminhado a Brasília.
Essas comunidades lutam há dez anos para conseguir a independência, porém sempre esbarram nas exigências do governo federal, por insuficiência de habitantes ou eleitores. Para o presidente da Associação Gaúcha de Áreas Emancipadas e Anexadas (Agea), Everaldo Araújo, a proposta pode desmembrar aproximadamente 50 áreas no estado. “Caso os processos voltem a tramitar, acredito que o número pode baixar para 30, pois muitas localidades não atendem aos pré-requisitos”, explica.
A maior exigência para a “nova” cidade é contar com um mínimo de cinco mil habitantes ou 1,8 mil eleitores. “Além disso, deve ter escola de Ensino Fundamental, iluminação ou água encanada. Sem contar que precisam constar no projeto as condições reais de desenvolvimento”, aponta.
Emancipação trará desenvolvimento
No distrito de Costão, a ideia de conseguir desmembrar-se da cidade-mãe trouxe uma nova esperança para os moradores e empresários. O presidente da comissão emancipacionista, Osmar Ferrari, explica que a comunidade mobiliza-se para conseguir reunir os documentos necessários para elaborar o projeto de desenvolvimento. “Temos uma agricultura forte, empresas, escola e isso só melhoraria a partir do momento que fossemos uma cidade. Seria uma forma de oferecer mais qualidade de vida e oportunidades de crescimento para toda população”, afirma. Ele explica que fariam parte da cidade as localidades de Costão, São José, Santo Antônio, Linha Geralda e Wolf, o que totalizaria um número superior a três mil eleitores.
O agricultor Lotário Diehl diz que a comunidade está abandonada. “Se fossemos um município teríamos mais incentivos na agricultura, melhoraria o atendimento na saúde, nossos filhos teriam uma educação com mais qualidade e os recursos seriam aplicados em benefício de todos e não apenas em algumas localidades como ocorre hoje”, aponta.
O empresário Valdir Diehl entende que a emancipação geraria mais oportunidades para os jovens e ajudaria a desenvolver de forma rápida as comunidades vizinhas.
“Demora esfriou o sonho”
O presidente da comissão do distrito de Forqueta, em Arroio do Meio, Paulo Alécio Weizenmann, diz que as exigências impostas na época em que a comunidade se mobilizou para se tornar cidade esfriou o “sonho” de independência. “Hoje tudo está parado. Dependemos dos deputados. Temos escola, empregos e todos moradores têm sua casa própria. Se virar município, não teremos gastos em infraestrutura. Isso daqui seria o paraíso”, finaliza.
Forqueta tem atualmente 2,5 mil habitantes, com a emancipação terá dois mil eleitores. As localidades de Cairú, Linha 32, Esperança e parte da Forqueta Baixa fariam parte do novo município.
O empresário Paulo Zanoni, de Bela Vista do Fão, em Marques de Souza, explica que a emancipação seria uma forma promover o crescimento da localidade. O distrito é responsável por cerca de 30% da economia da cidade, baseada na produção primária, industrialização de tijolos e comércio. “A independência é uma das possibilidades de continuar crescendo, conseguir ligação asfáltica e gerar novas oportunidades de emprego e atração de empresas”, opina.
A área pretendida para formar o novo município abrangeria as localidades de Lajeado do Meio, Cabeceira de Tocas e Três Lagoas, em Progresso; e Vasco Bandeira, Picada Cornélius e Picada May, em Marques de Souza. O pedágio da BR-386 também ficaria na área anexada.