A falta de educação ecológica e ambiental das pessoas foi o principal assunto do segundo debate sobre saneamento básico promovido pelo jornal A Hora esta semana. O Arroio Saraquá pautou o encontro entre o promotor Neidemar José Fachinetto, representando o Ministério Público, o engenheiro agrônomo Leopoldo Feldens, o biólogo Luis Steffens, representando a Prefeitura de Santa Clara do Sul, a química industrial e mestre em Ambiente e Desenvolvimento, Simone Schneider, representando a Prefeitura de Lajeado e Adair e Fernando Weiss do jornal A Hora.
Segundo Feldens, as empresas foram balizadas pelo Ministério Público, Fepam e comunidade e obrigaram-se a controlar os resíduos que eram lançados no rio ou arroio. Ainda assim, o problema continuou. A conclusão obtida é que o maior poluidor é o esgoto doméstico. O índice de coliformes fecais no Arroio Saraquá, próximo ao Parque Professor Theobaldo Dick, por exemplo, é altíssimo e conforme Feldens, fora do padrão. “A falta de educação ambiental das pessoas é impressionante, n
ão dá para culpar só o município”, anuncia. O promotor Fachinetto endossa a avaliação do engenheiro, afirmando que a responsabilidade não pode ser remetida e exclusiva ao poder público, mas ações devem ser criadas para engajar a população. “A grande resistência será nas medidas de caráter individual”, acredita.
Por outro lado, o promotor observa que a parte romântica de defesa ao meio ambiente passou e que partimos agora para o concreto, restando conquistar o convencimento da população. E para isso, ressalta a importância da imprensa no papel de cobrar ações e dar visibilidade aos resultados. Para ele, com as empresas é mais fácil porque elas entendem que se investe de um lado e ganha-se do outro. “Ela não perde, ela repassa. O maior desafio é educar toda a sociedade”, entende.
Solução para o esgoto doméstico
O biólogo Steffens disse que no Loteamento Santa Clara, em Santa Clara do Sul, ocorre o acúmulo de água proveniente da cidade porque falta drenagem hídrica. Ele conta que a prefeitura busca recursos para implementar estações de tratamento com a possibilidade para sistemas individuais. Segundo ele, o gasto seria de R$ 1,1 mil para cada casa ou para cada quatro pessoas. Nas residências antigas, esses serão implantados gradativamente, e um estudo para alterar o plano diretor, exigindo essa medida para nova construções, será realizado.
Simone explica que pode ser instalado um sistema de minirreator que libera o líquido com eficiência de 95%, sobrando só o lodo.
Falta legislação para novos loteamentos
Ambas as prefeituras carecem de uma legislação adequada que exija dos loteadores e construtores toda a infraestrutura, com tratamento de esgoto e canalização. Simone adiantou que está em fase final a elaboração de um projeto parecido com aquele reprovado pelos vereadores em 1997, quando tentou se limitar e exigir saneamento básico para liberar um novo loteamento, por exemplo.
Comitê gestor
No dia 24, prefeitura e promotoria se reunirão para criar o comitê gestor que extrairá do relatório ações que foram previstas e definirá o cronograma. A comissão será formada por órgãos municipais, Ministério Público, Bacia Taquari-Antas, Corsan e Univates. Para o promotor, as ações devem começar nas escolas, pois o assunto é delicado e politicamente é indigesto, porque mexe com patrimônio, taxas, há um desgaste.
Ações abertas
Feldens comparou que há 40 anos são desenvolvidas campanhas em benefício do meio ambiente, mas que só hoje as ações começam a mostrar resultados com a participação de todos e o envolvimento do Ministério Público.
Simone registrou que a educação ambiental já é trabalhada nas escolas e que agora se começa a educar adultos. “Mas já se percebe uma mudança”, avalia.
Para Fachinetto, a própria natureza tem contribuído no processo de educação, impondo o seu rigor. “Enxergo esse projeto como um guarda-chuva em que vários poderão se envolver, parceiros para executar as ações. A ideia é que não tenha característica estatal, mas comunitária”, define.