O Conselho Nacional de Trânsito (Contram) adiou para 1º de setembro o início da exigência de cadeirinha para crianças menores de 8 anos em veículos. De acordo com nota divulgada pelo órgão, a falta do produto nas lojas devido ao aumento da procura justifica a alteração do prazo. A norma exige que as crianças sejam transportadas no banco de trás, com o equipamento adequado para cada faixa etária.
A reportagem do A Hora contatou cinco redes de lojas em Lajeado e confirmou a falta do equipamento em todas elas. Conforme os atendentes, as cadeirinhas chegam em um prazo que varia de uma semana a 15 dias. A notícia do adiamento da norma serviu de alento para a aposentada Liane Correia da Silva, 60 anos. Na tarde de ontem, ela procurou sem sucesso o produto para o neto de 5 anos em quatro estabelecimentos em Lajeado.
São três tipos de equipamentos. Para bebês de até 1 ano de idade ou pesando até nove quilos, os motoristas devem adquirir a cadeirinha bebê conforto. Para crianças de 1 a 4 anos, ou de nove a 25 quilos, utiliza-se a cadeira de segurança. E para crianças de 4 a 7 anos e meio, ou até 36 quilos, é obrigatório o uso de assentos ou cadeiras de elevação. A lei determina que até os 10 anos, a criança deve estar no banco de trás e obrigatoriamente usando cinto de segurança nos equipamentos.Ana Cristina Dreyer Rovedo aprova a lei. Seus trigêmeos Manoela, Thiago e Júlia, de 2 anos, desde que saíram do hospital, após o parto, usaram os acessórios nos passeios de carro. A família teve que se adaptar à chegada dos três filhos e até comprou um carro de sete lugares, porque as cadeiras ocupam todo o banco traseiro. As crianças adoram passear e sob o olhar atento da mãe, colocam sozinhos os cintos de seguranças.
Thiago senta no meio, e as irmãs Júlia e Manoela nas pontas. Cada um tem seu local definido e quando é desrespeitado por algum deles a mãe, Ana, sabe que vem choro na certa. “Acho muito mais seguro a criança passear dentro do carro segura por algo que é confortável”, avalia a mãe. Ela lembra que quando os trigêmeos eram menores, usava um bebê conforto que deixava-os de costas para o motorista. “Era pior, porque eu não conseguia ver as crianças”, comenta. Agora com 2 anos eles se sentam nas cadeiras de segurança e conseguem enxergar os pais, “isso os deixa mais tranquilos, pois na percepção deles estão sentados em cadeiras como as nossas”.De acordo com a Brigada Militar de Lajeado, a fiscalização será intensa, e os motoristas que não respeitarem e forem flagrados serão multados em R$ 191,54 e perderão sete pontos na carteira de habilitação. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que a utilização correta da cadeirinha reduz 70% a possibilidade de morte de um bebê em acidente.
Cresce número de acidentes com crianças
Segundo dados do Departamento de Trânsito do estado (Detran), entre janeiro de 2008 e abril de 2010, mais de 2,3 mil crianças ficaram feridas em decorrência de acidentes de carros. No mesmo período, 91 crianças morreram. Os dados demonstram um crescimento no número de vítimas de até 11 anos. Em 2008, foram 32 vítimas; em 2009, foram nove a mais. E neste ano, só nos primeiros quatro meses foram 18, ou seja, 43% do total de vítimas de todo o ano passado. O número de feridos é ascendente. De 1.008 vítimas em 2008; passou a 1.063, em 2009; e 291 nos primeiros três meses de 2010. Se esse ritmo não for interrompido, serão 1,2 mil crianças feridas até o fim do ano.