As 16 autuações a menores de 18 anos conduzindo veículos motorizados registradas desde o início do ano pela Brigada Militar são apenas indícios da imprudência de jovens no trânsito. O número pode ser mais alarmante, visto que apenas seis cidades têm esses dados separadamente. Na maioria dos flagras os jovens envolveram-se em acidentes de trânsito ou geraram perigo com manobras arriscadas. A cidade com maior número de apreensões é Arroio do Meio com cinco casos.“Uso a moto para sair com amigos maiores de 18 anos”, é a justificativa do estudante de 16 anos de Arroio do Meio para dirigir sem Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Ele aprendeu a dirigir com amigos que são habilitados e foi incentivado pela mãe que comprou para o jovem a motocicleta no ano passado, quando ele tinha 15 anos.
O rapaz aprendeu a dirigir para sair com os amigos nos finais de semana. Ele confessa que passou em frente ao prédio da Brigada Militar e não foi parado pelos policiais. “Uma vez fugi da polícia, porque eles viram que era menor, mas não tenho medo deles”, diz.A mãe ajudou o filho na imprudência e confessa que não consegue restringi-lo de algumas vontades. Ela admite que tem medo que o adolescente envolva-se em acidentes e perseguições com a polícia e diz que alerta o filho para que ele ande apenas em ruas onde policiais passam pouco. “A Brigada deveria cuidar dos bandidos nas ruas e não dos motociclistas”, censura.Outro jovem de 17 anos de Lajeado está aprendendo a dirigir o carro com seu pai. Ele explica que todos seus amigos sabiam como guiar um carro antes de fazerem suas carteiras de motoristas. Pai e filho em todos os domingos – dias de menor fluxo no trânsito – passeiam de automóvel conduzido pelo rapaz pelas ruas da cidade. O pai sabe que está infringindo leis, mas justifica que é melhor o filho dirigir com ele, do que sozinho. “Ele ingressará na autoescola em dois meses. Estou ensinando também como ele deve cuidar do carro”, diz.
Conforme a comandante da BM de Arroio do Meio, capitã Ana Maria Hermes, os pais não têm mais controle sobre os filhos. “É um desafio para os adolescentes infringirem leis e autoridade de policiais”, conta. A capitã relata que os registros poderiam ser maiores, porque diversos jovens fogem de blitze. Segundo o capitão da companhia de Estrela, Gyovanni Bortolini, as infrações com menores conduzindo veículos representam apenas 10% das autuações aplicadas na região, mas são alarmantes devido aos prejuízos que resultam e quantidade de informação sobre o assunto que hoje os pais têm acesso.
Proprietário é o responsável
Dirigir sem um treinamento e capacitação pode resultar em graves acidentes de trânsito e multas com altos valores. Nas autoescolas os alunos aprendem a conduzir veículos baseados em regras nacionais de trânsito e é a partir delas que os policiais fiscalizam os motoristas. Conforme a BM, é proibido que uma pessoa com idade inferior a 18 anos conduza um veículo motorizado. Como menores não têm carteira de habilitação são proibidos de registrarem veículos em seus nomes. A responsabilidade será daquele que ceder seu carro ou motocicleta.
O proprietário receberá duas multas de trânsito – dirigir sem habilitação e permitir ou entregar o veículo para pessoa não habilitada. Ambas resultam em infração gravíssima, com perda de sete pontos na CNH e acarreta multa de R$ 191 com agravante de três vezes o valor, ou seja, o mesmo condutor perderá 14 pontos na CNH (com a soma de 21 pontos perde a CNH) e pagará R$ 1.146 mil.
Menores fazem registro na DP
O menor de 18 anos quando for abordado terá a opção de ligar para uma pessoa com Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para retirar o veículo, caso não consiga alguém, o bem será apreendido. O jovem é conduzido até a Delegacia de Polícia (DP), onde será feito registro e encaminhado para o Ministério Público para a penalização como serviços comunitários e pagamento de cestas básicas.
Foto leonardo heisler