Esgoto doméstico é o maior poluidor do Arroio Saraquá

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Esgoto doméstico é o maior poluidor do Arroio Saraquá

Um trabalho de pesquisa e diagnós­tico finan­ciado pelas empresas Perdigão e Mi­nuano, por deliberação do Ministério Público, com o objetivo de diagnosticar a situação atual da microba­cia hidrográfica do Arroio Saraquá, apresentou a falta de um sistema de tratamen­to de esgoto doméstico está poluindo os leitos do arroio, comprometendo a qualidade das águas do Rio Taquari, principal re­curso hídrico da região. O estudo, coordenado pelo engenheiro agrônomo Leo­poldo Feldens e uma equipe multidisciplinar, analisou a água em 24 pontos do arroio e seus afluentes, distribuídos entre Santa Clara do Sul e Lajeado. No trabalho foi diagnosticado que os piores locais são o nascedouro do curso d´água, localizado em San­ta Clara do Sul; a ponte que liga os bairros Moinhos e Jardim do Cedro, na rua Arnoldo Uhry; e no Parque Professor Theobaldo Dick, local onde deságua.

arroioMesmo que o resultado seja apenas um indicati­vo, pois são necessárias análises contínuas para se chegar a uma conclusão definitiva, ficou evidente que entre os principais problemas encontrados nas análises está a alta concen­tração de coliformes fecais. Isso indica contaminação por fezes humanas (esgotos domésticos) ou de origem animal (adubos naturais de lavouras e esterco de potreiros e chiqueiros). Segundo conclusões do es­tudo, isso comprova que os dejetos de esgoto sanitário e doméstico são os prin­cipais responsáveis pela poluição do arroio e não as indústrias. Outro dado sig­nificativo foi a comparação entre as amostras realiza­das no afluente do aterro sanitário, localizado antes de Lajeado e no Parque Professor Theobaldo Dick. No parque, por onde passa o arroio Encantado (afluen­te do Saraquá), a quanti­dade de material orgânico foi maior em relação ao aterro, comprovando que a poluição é causada pela área residencial.

Comitê será formado

Segundo o promotor Neidemar Fachinetto, será formado um comitê para trabalhar na recuperação do Arroio Saraquá. A princípio, partici­parão representantes das adminis­trações de Lajeado e Santa Clara do Sul, Univates, Emater, Patram, Ministério Público, conselhos e lideranças. “O trabalho tem que ser realizado logo, para aproveitarmos o estudo e não deixar a causa cair no esquecimento”, salienta. De acordo com Fachinetto, uma nova reunião será realizada na segunda quinzena de junho, para que sejam discutidas as primeiras ações e existe a pos­sibilidade de unir esse grupo com o Comitê Taquari – Antas.

Encontradas 33 espécies de peixes

Não foi só a água que foi analisada nesse trabalho. O estudo demons­trou que há 36 espécies nativas de peixes ao longo dos 55 quilômetros da bacia hidrográfica encontrados em dez pontos diferentes de coleta. No total, foram 1.020 espécimes de peixes coletados do arroio, sendo 895 capturados por meio de redes e 125 com o auxílio do puçá. Todos foram encaminhados para análises que diagnosticaram os diferentes tamanhos dos animais fato causado pela poluição das águas. Isso porque, quanto maior a pureza do leito, maior será o desenvolvimento do animal.

Recuperação da mata ciliar

Segundo as análises, hoje o Arroio Saraquá possui14% de seu curso em áreas urba­nas de Santa Clara do Sul e Lajeado; 20% com cobertu­ra vegetal e 16% de áreas agrícolas. Preservadas são apenas 20% da área, quando deveria ser 28%. Para recu­peração da mata ciliar será necessário o plantio de 1,5 mil mudas de plantas para cobrir os 32% das margens sem vegetação. O objetivo é recuperar a mata ciliar, respeitando a Área de Pre­servação Permanente, que deve ser de 30 metros.

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