Em julho, devem se iniciar as obras asfálticas de um dos pontos indicados para tornar-se o novo centro da cidade – o prolongamento da Benjamin Constant no bairro Montanha. Será a maior construção da cidade pelo sistema comunitário, em que os moradores costearão 75% das obras. De R$ 3,5 milhões previstos os moradores pagarão R$ 2,5 milhões. O valor é considerado pelo município e imobiliárias da cidade um investimento, visto que a valorização dos terrenos crescerá 33% após melhorias na avenida.
O projeto é singular na região e prevê diversas modificações arquitetônicas na avenida. Ela terá 30 metros de largura, 6 metros de calçada e 9 metros de canteiro central que comportará, a exemplo de Curitiba, no Paraná, paradas de ônibus e lixeiras. O projeto é considerado ousado pelo secretário de Obras, Mozart Lopes, porque além de sofisticado tem a pretensão de conciliar uma via de transporte maior com uma ciclovia.
Aprovado pela câmara de vereadores o projeto está em fase de elaboração e organizadores procuram adesão de proprietários das terras para custeio da avenida. Em junho, entrará
em processo licitatório e para julho, se o projeto tiver apoio da maioria dos moradores, está previsto o início das obras. No momento o município possui apenas 50% de parceria dos residentes, mas precisa de 75% para iniciar a melhoria. O trabalho será dividido em dois trechos, o primeiro inicia-se na rua Osvaldo Matias Ely até o final de uma área da Fruki. Esse deverá ser a perímetro inicial a receber melhorias. O segundo ainda não foi definido, porque falta aceitação plena de alguns.
A prefeitura incentivará empresas, hotéis e comércios a instalem-se nas proximidades da avenida e deixará os lotes de terra centrais para construções unifamiliares. O fato anima investidores que pretendem transformar o bairro em um polo comercial, desafogando o centro da cidade.
Para o morador Alfredo Ivo Klahr, 82 anos, o crescimento do bairro lhe proporcionará mais segurança, já que mora sozinho. Há dois anos ele trocou uma área de terra no mesmo bairro, porém mais distante, por um terreno na localidade. Ele explica que não havia nenhuma casa vizinha e hoje em frente à sua residência está sendo construído um condomínio e ao lodo diversos sobrados.
A empresária Sandra Cristina Dutra, 32 anos, diz que o desenvolvimento do bairro é uma expectativa diária. Ela possui uma empresa de prótese dentária, e o marido uma vidraçaria no bairro Moinhos d’Água. Eles acreditam que seus negócios prosperem com as melhorias na avenida.
Seu marido comprou um terreno há um ano e meio por R$ 23 mil, hoje ele é avaliado em R$ 45 mil. “A cada mês novas casas são construídas”, diz.
Dificuldade em conseguir terrenos
As expectativas dos bairros Montanha e Moinhos d’Água tornarem-se polos comerciais devido às obras asfálticas previstas para a Benjamin Constant provocam mudanças nas vendas de terrenos na localidade. Conforme algumas imobiliárias da cidade, há dificuldade de encontrar áreas nas proximidades da avenida. O corretor de imóveis Tiago Luca relata que um terreno de menor valor naquela região custa cerca de R$ 45 mil, podendo chegar a R$ 90 mil quanto mais próximos da Benjamin. Ele acredita que o bairro seja hoje uns dos locais mais adequados para investimentos. Segundo Luca, o fortalecimento do bairro Montanha deu-se há alguns anos com o Programa da Caixa Econômica Federal Minha Casa, Minha Vida que incentiva aquisições de moradias de até R$ 80 mil. No entanto, explica que esses novos lotes não conseguem enquadrar-se pelos altos valores.
Valor poderá ser parcelado
O município em parceria com a Cooperativa Sicredi oportunizará aos moradores o parcelamento da dívida em 48 vezes do valor a pagar. Cada proprietário pagará em torno de R$ 95 por metro quadrado da largura frontal do seu terreno. Se a área possuir 12 metros de largura, o morador pagará cerca de R$ 6.412. A metragem frontal é multiplicada por 7,5 metros, equivalente à metade da rua. Essa medida é multiplicada por R$ 95, custo de cada metro quadrado. Do resultado deverá ser subtraído 25% que a prefeitura pagará, restando o valor final que o morador poderá parcelar na construtora ou na agência bancária.
Está incluso no valor a canalização, bocas-de-lobo, meio-fio, canteiro central, pintura, tachões e a ciclovia. Lopes afirma que indiferente do lado que a ciclovia estará, os dois moradores dividem o custo.