O aumento no preço do leite para o consumidor ainda não chegou. A alimentação deficiente do gado prejudicou a produção, a oferta caiu e os preços subiram. Conforme o presidente da Fetag e Conseleite, Elton Weber, a captação sofreu redução de 5% a 7% em comparação com o mês anterior. Com isso o preço do litro do leite longa vida ultrapassou a casa dos R$ 2 ao consumidor final na região esta semana. Para a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), o valor varia de R$ 1,70 a R$ 2,10. O impacto nas prateleiras provocou reclamação no campo, visto que os produtores alegam não terem recebido o mesmo repasse percentual. Segundo Weber, houve elevação ao criador, mas em proporção bem menor. “O aumento nos supermercados é 40%, 50% acima do que para o agricultor. Por isso, queremos um novo reajuste para os produtores a fim de evitar prejuízos e tornar a atividade mais rentável”, aponta. Weber acredita que nas próximas semanas deverá ser oferecido um novo reajuste aos produtores.
Segundo o presidente da Agas, Antônio Cesa Longo, o varejo opera com margem de lucro de 10% a 15% no leite. Para Longo, os pecuaristas levam só em consideração o preço do longa vida e se esquecem de produtos como iogurtes que têm variação de preço diferente e para onde é destinada parte do leite produzido.
O secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini, expõe que existe um período de ajuste até a elevação nas gôndolas chegar à indústria e ao agricultor, mas reconhece que, neste ano, o impacto da entressafra chegou ao consumidor mais cedo. Conforme a Emater, a média de preço ao produtor foi de R$ 0,56 de dezembro de 2009 a fevereiro de 2010. Por conta da entressafra, houve reação e a média desta semana ficou em R$ 0,62 o litro.
Preço subirá na próxima semana
A polêmica causada pelo reajuste chegou ao bolso do consumidor comum. Segundo o gerente do Supermercado STR, Elton Fischer, houve um aumento de 10% no valor do leite de março para abril, enquanto o preço do queijo teve um pequeno aumento, mas ainda se mantém estável. “A previsão é que o preço do leite suba ainda mais na próxima semana”, destaca. Fischer afirma que a alegação é que está faltando produto. “Isso foi o que os fornecedores me passaram”, salienta.Fernando Delavy, 36 anos, percebeu o aumento nos preços dos produtos lácteos. Pai de um filho de 1 ano e quatro meses, Fernando precisa comprar muito leite durante o mês. “Achei que o preço não ficaria tão alto, mas se passaram várias semanas e nada de baixar”, lamenta.
Reajuste abaixo do esperado
A família Bauer, de Picada Flor, produz uma média de 530 litros diários e está insatisfeita com o reajuste pago pela indústria. Doralisa explica que o custo com alimentação aumentou depois das perdas que foram registradas com as enchentes. “Não sei por que nos mercados o litro é vendido acima de R$ 2 e só recebemos R$ 0,74. Teríamos que receber pelo menos R$ 1 pelo litro para termos um valor mais significativo e podermos fazer novos investimentos”, afirma.
A agricultora mantém a esperança de que nas próximas receba um novo reajuste. “O reajuste de R$ 0,10 por litro ficou abaixo do esperado pelo aumento que tivemos nos mercados”, aponta.