A exemplo de Estrela, a Prefeitura de Lajeado estuda a possibilidade de municipalizar a água por insatisfação quanto aos investimentos que a Cor
san faz na cidade que seriam desproporcionais ao valor arrecadado.
Conforme o secretário de governo de Lajeado, Isidoro Fornari, no ano passado a prefeitura renovou o contrato de forma antecipada, porque a Corsan prometeu melhorias no saneamento básico. O município construiu uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) no bairro Moinhos com valores da Consulta Popular, mas que segundo ele deveriam prover da entidade estadual. A pretensão era de que até o fim do ano outra ETE estivesse construída ao lado da primeira e com a canalização voltada para a Av. Benjamin Constant, no entanto nenhuma delas foi feita.
A Corsan também teria prometido estudos de saneamento para toda a cidade e a construção de um reservatório no bairro Jardim do Cedro, para atendimento qualificado nos bairros vizinhos. “Até agora tudo que construíram sempre foi requisitado primeiro para o município, depois eles se prontificavam a pagar”, contesta. Fornari diz que os investimentos devem ser por conta da companhia já que arrecada valores altos na cidade.
Na sexta-feira, dia 26, Corsan e prefeitura fizeram uma reunião fechada em que ficou decidido que o município aguardará um estudo e novo cronograma de investimentos para definir a situação. Segundo o secretário o material será encaminhado em até 15 dias, após serão iniciados alguns estudos municipais para saber de que forma o contrato será rompido. “Queremos datas, valores e definições com urgência”, antecipa.
Caso ocorra a autonomia dos serviços o município pretende se espelhar em uma cidade do mesmo porte que Lajeado. A mais cotada no momento é Bento Gonçalves.
Lajeado possui quatro sistemas de água
O abastecimento de água na cidade está desigual. O centro e bairros próximos são atendidos pelo sistema público (Corsan); os bairros Conventos e Imigrante são atendidos pela prefeitura; os bairros São Bento e parte do Floresta recebem água pelo sistema comunitário onde uma associação local assume; e os bairros Planaltos e Montanha são através do sistema particular.
Essa diversificação deverá terminar nos próximos meses, porque a lei exige que quem administra a água deve assumir o abastecimento de todo município.
Corsan diz que tarifas aumentariam com as trocas
O chefe interino da Corsan de Lajeado, Luiz Affonso Wendt de Queiroz, conta que para administrar o abastecimento de água em uma cidade é preciso de eficiência e sustentabilidade compatível com a rentabilidade do município, no entanto ele avalia que Lajeado não teria isso no momento. O chefe relata que a companhia atende 365 cidades, faz 265 mil análises mensais e possui 310 laboratórios automatizados, assim adquire produtos para tratamento mais baratos. “Se o município comprasse o material gastaria mais e também teria que aumentar tarifas”, revela. Para Queiroz o contrato tem apenas um ano e para rompê-lo o município deverá reclamar com a Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do RS (Agergs) que fiscaliza os serviços.
A previsão é que a ETE do bairro Moinhos seja inaugurada em dois meses. Segundo Queiroz, a estação deveria estar em funcionamento no ano passado, mas por problemas técnicos paralisaram as obras. A unidade possui capacidade para duas mil economias, mas serão feitas 600 em primeiro momento. Queiroz explica que em até 90 dias a Corsan apresentará um projeto para a prefeitura em que constará o aumento de rede para os demais bairros que ainda não são atendidos pela empresa.
Faturamento maior de R$ 1 milhão
A Corsan possui 50 mil economias no Vale do Taquari, dessas 24 mil ficam em Lajeado. O faturamento mensal da empresa na cidade é de R$ 1,4 milhão e a tarifa de consumo médio da população é de R$ 17. Para tratamento do esgoto é preciso investir R$ 3,5 mil por residência. Na ETE de Moinhos foi investido R$ 1,5 milhão.
Luiz Wendt de Queiroz
Foto Frederico Sehn