Associativismo rural surge como alternativa para sucessão familiar

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Associativismo rural surge como alternativa para sucessão familiar

Maior produtora de leite da Espanha responsável por 40% do total produzido no país e um dos maiores do mundo, a região da Galícia serve de escola para 23 pessoas do Vale do Taquari desde sábado, quando chegaram à capital Santiago de Compostela. Em­presários, produtores, sindicalistas, prefeitos, deputado, reitor e jornalis­tas buscam soluções para problemas recorrentes, como êxodo rural, su­cessão familiar, qualificação da mão de obra e manejo, especialmente no setor leiteiro. A viagem contempla visitas a propriedades de diferentes escalas de produção, laboratórios e cooperativas, mas percebe-se que nem tudo está perfeito.

Números comprovam que a cada ano cresce o percentual de propriedades rurais desativadas no Vale do Taquari, consequência do êxodo rural e do envelhecimento dos colonos, ocasionados pela saída dos jovens do meio rural. Pesquisa da Univates divulgada em 2006 mostra que das 35 mil propriedades rurais do Vale, 10 mil estão paralisadas, ou seja, não são autossuficientes para produção alimentícia, muito menos para au­xiliar no desenvolvimento do setor. Essas estatísticas são alguns dos principais motivos que trouxeram 23 representantes à Galícia, onde os gaúchos encontraram o mesmo problema, mas com avançados projetos para sua resolução, como o associativismo e a qualificação da propriedade rural.

ordenhadeiraOs galegos mantêm uma média de produção que raramente fica abaixo de 35 litros de leite por vaca/dia, indiferente do tamanho da propriedade. Na segunda-feira, visitamos cinco lugares com esca­las de produção variadas e utiliza­ção tecnológica avançada.

A média geral que os produtores recebem por litro de leite fica em 0,30 euros, que transformados em moeda brasileira soma R$ 0,81 (Euro valendo R$ 2,7). O que diferencia a rentabilidade de cada produtor é a forma do manejo e as despesas com os animais. Todo produtor mantém mecanismos epráticas individuais para propor­cionar o menor custo de produção, o que na média chega a 90% do preço final. Melhorar esse per­centual é o segredo do negócio. O produtor com melhor média por vaca nem sempre é quem ganha mais dinheiro, mas quem produz com mais controle nos custos.

14 produtores juntos

Em busca de mais qualidade de vida, desgastados com a profissão que exige dedicação exclusiva durante os 360 dias do ano, 14 pequenos produ­tores se reuniram e fundaram uma associação produtora de leite, com­prando 120 hectares de terras, com capacidade para manter uma média de 700 animais, entre vacas, novilhas e terneiros.capaComo todo o sistema da produção leiteira galega mantém os animais em confinamento (usam as terras para levar o esterco e produzir alimento verde) construíram mil me­tros de área com pré-moldados.

Para fazer todo o serviço, contrata­ram quatro funcionários especializa­dos que cuidam de toda a produção e manejo, permitindo aos 14 sócios um rodízio de atividades na granja, conforme escala preestabelecida. Possuem um sistema de ordenha rotativo capaz de tirar leite ao mes­mo tempo de 40 das 300 vacas que possuem, em apenas três horas. Elas rendem uma média de 30 litros por dia. O animal que produzir menos de 15 litros diários é descartado.

O trato é totalmente terceirizado por uma cooperativa que fornece a alimentação pronta até a propriedade, inclusive o material que forma a cama dos animais.

O presidente da Cooperativa dos Suinocultores de Encantado Ltda. (Cosuel), Gilberto Piccinini, pretende criar uma associação de produtores no Vale por meio de incentivos da própria cooperativa. “Nossos pro­dutores não tem folgas nem férias e aqui vimos na prática que por meio de associação é possível fazer escalas de trabalho e reduzir as horas do co­lono”, explica Piccinini que vê nessa fórmula uma das soluções para evitar a paralisação de muitas propriedades no Vale.

Para o presidente da Cooperativa Languiru, Dirceu Bayer, é preciso adaptar o sistema à realidade local da nossa região. “Estamos aqui para buscar fórmulas e alternativas para melhorar o setor no Vale, mas não podemos esquecer que a nossa realidade é diferente e precisa ser transformada de forma gradativa”, destaca Bayer, ressaltando o trabalho de rejuvenescimento de cinco anos que a Languiru fez nos últimos cinco anos nas propriedades onde atua.

Embora a Galícia também sofra com o êxodo rural dos jovens, e para o qual ainda não encontrou uma sa­ída para sua estagnação, os galegos dispõem de incentivos da União Europeia mediante investimentos em tecnologia. Ou seja, o governo subsidia quando percebe que na propriedade existe a possibilidade de profissionalização. Como as coo­perativas exercem papel muito forte por aqui, os produtores se sentem mais seguros em fazer apostas a longo prazo.

Foto Fernando Weiss

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