Para veículos leves, é quase impossível transitar a mais de 30 Km/h na RS-130. Após o início do Bairro Bom Fim, até o município de Mariante, a alta camada de areia sobre a pista faz com que os carros derrapem com facilidade, principalmente as motocicletas e bicicletas. O mato começa a tomar conta da pista, diminuindo ainda mais o espaço dividido entre pedestres e caminhões.
Segundo moradores, caminhões passam em alta velocidade obrigando veículos menores a se recolherem para o canto da pista, que muitas vezes fica completamente coberta de poeira, impedindo a visibilidade a mais de 30 metros.
Para o morador João Antonio Mallmann, que reside no local há 54 anos, a rota utilizada para ir até a capital do Estado era movimentada, mas a velocidade não era tão elevada. “Ás vezes a máquina passa para tirar o barro das valetas e colocar nos buracos, mas a pista está elevada demais”, alerta. O morador revela que diversos ciclistas caíram ao serem obrigados a ir para o canto da pista.
De acordo com o morador Sérgio Dullius, que mora há 48 anos no Bairro Bom Fim, a chegada do asfalto poderá melhorar a qualidade de vida, mas acha difícil que isso ocorra. “Queremos ver para crer. Faz dez anos que eles prometem e nada acontece. Se colocar asfalto tem que colocar redutor, pois os caminhões passam em alta velocidade por aqui”, afirma. Ele conta que a ponte, onde começa a estrada de chão batido, está ameaçada. “Duas carretas não passam pela ponte, se passarem, ela pode quebrar, pois já tem rachaduras”, opina.
Os moradores afirmam que o asfalto consta no mapa rodoviário do Departamento de Estradas e Rodagens (Daer). Segundo eles, a via já foi interditada há mais de dois anos por um protesto feito pelos próprios moradores. Conforme Darci Machry, as crianças se arriscam ao ir para a escola. “Isso está cada vez mais movimentado e perigoso”, alerta.
Moradora já 22 anos, Jussara Dietrich, 40 anos, tem uma filha de seis e classifica a situação como insustentável. “Não podemos sentar na sombra, temos que ficar trancados dentro de casa, com as janelas fechadas. Está cada vez mais crítica a estrada. Temos medo de levar nossos filhos para a aula”, desabafa.
Prejuízos a comerciantes
Um comerciante revela que diminuíram as vendas, pois os clientes não querem mais parar por ali, devido a intensa poeira. O empresário de uma cerâmica José Carlos gasta em média R$ 6 mil ao ano em reposição de peças nos dois caminhões que utilizam o trajeto. “É um caos, quase todo dia quebra a suspensão, precisa trocar as molas ou os pneus estouraram. Assim não dá mais”, fala. O empresário revela que inclusive teve de se mudar para diminuir as crises de rinite devido a poeira. “A saúde não pode esperar. Na tardinha tudo vira névoa por aqui de tanta poeira que levanta”, finaliza.