Sobra milho, mas falta preço

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Sobra milho, mas falta preço

Depois de comemorar a chegada da reta final de uma safra de milho de alta produtividade, agora é a hora de o produtor pressio­nar o mercado em busca de valorização. A recomendação do engenheiro agrônomo da Emater/Ascar Regional de Estrela, Nilo Kern Cortez, é reter o grão à espera de reação nos preços. Ele avalia que isso ainda não ocorre porque o agri­cultor precisa de dinheiro para honrar compromissos. O valor da saca, que alcançou cotação de R$ 17 na semana passada, não cobre o custo de produção. “Quem puder deve colher o máximo agora, estocar e secar antes que comece a colheita da soja, e ficar no aguardo de um preço melhor”, avalia.

milho

Alta produtividade

O município de Estrela está registra uma de suas melhores safras de milho dos últimos anos. De acordo com o técnico agrícola Normélio José Beuren, foi uma safra superior em volume e qualidade especial­mente favorecida por questões meteorológicas. Da produção total, cerca de 90% é transfor­mado em silagem, sendo que o restante é colhido em forma de grãos. “Grande parte é utilizada na alimentação dos animais das próprias propriedades”, salienta Beuren.

De acordo com dados infor­mados pelos próprios produto­res para a Secretaria Municipal de Agricultura, a produtividade do milho em forma de grãos foi de 115 sacas por hectare, em média. Em termos de silagem, a produtividade foi de 35 a 40 toneladas por hectare, em média. Os agricultores Isidoro Nicolau Kerber, 56 anos, e Paulo Jacob Birck, 53, da Linha Lenz e da Linha São Jacó, res­pectivamente, são referências no cultivo de milho no muni­cípio. Kerber planta milho há 26 anos e hoje possui cerca de 40 hectares de área cultivada e comemora os bons resultados. “O milho precisa de calor e de muita chuva. Esse foi o princi­pal motivo para termos a boa safra”, explica Kerber. Ele co­lheu praticamente tudo só que não vendeu por causa do baixo preço. “Vou deixar estocado até que o preço melhore. Os R$ 17 por cada saco de 60 quilos, que é o que eles tão pagando hoje, é muito pouco comparado com os R$ 36 que ganhávamos anos atrás”, lamenta.

Birck cultivou milho em 35 hectares e vendeu boa parte. Ele conseguiu uma média de 130 sacos por hectare e assim como os demais agriculto­res do município está feliz pelos bons resultados, mas reclama dos baixos preços. “Ganhei apenas R$ 20 por saco, sendo que teve épocas que faturei R$ 27 com um custo de produção menor”, explica Birck. Ele compara a desproporção da quantidade de milho que precisa vender para comprar novas sementes. “É preciso vender 900 quilos de milho para comprar 20 de sementes”, salienta.

O milho no Vale

No Vale do Taquari foram plantados cerca de 85 mil hectares de milho e desses 35% foram colhidos. Cortez diz que a média de quilogramas por hectare está bem acima dos últimos dez anos. “A média dos últimos anos é de 36 mil quilos por hectare. Isso equivale a 60 sacos. Este ano, com o que já foi colhido temos uma média superior que chega a 80 sacos por hectare”, explica.

Ele sugere aos produtores de milho que armazenem o produto até que o preço melhore. “Hoje o valor do saco está entre R$ 16 e R$ 17. Esse preço desestimula os agricultores. Se eu tivesse milho armazenaria e esperava melhores preços”, salienta.

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