O poder público regional investe na realização de atividades no turno inverso ao da escola voltadas a jovens de 6 a 17 anos, que frequentam o ensino público. O objetivo é combater o vandalismo, drogadição, exclusão social e oferecer atividades que estimulem o conhecimento. Segundo dados da Brigada Militar de Lajeado, em 2009, 82 ocorrências foram registradas com menores infratores, número que reforça a importância dessas ações.
Segundo as representantes da Secretaria de Educação de Lajeado, Neusa Travi Madsen e Vanessa Ely, ao todo são 18 escolas de Ensino Fundamental e 23 de Educação Infantil em atividade na cidade. As unidades públicas de Ensino Fundamental atendem uma média de 5.028 alunos, e o Educação Infantil cerca de 2.184 crianças matriculadas. Entre as escolas de Ensino Fundamental são seis unidades em Lajeado que dispõem de atividades no turno inverso ao das aulas, incluindo lições de música, cultivo de vegetais, leitura, brincadeiras e informática. Todas as escolas de Educação Infantil do município dispõem de turno integral.
O preenchimento de vagas depende da proximidade com a unidade de ensino, moradores dos bairros, as condições financeiras e necessidades das famílias interessadas. As inscrições para as turmas de horário inverso ao escolar devem sempre ser realizadas na sede das escolas.
A Escola Lauro Müller, no bairro Planalto, implementa um novo modelo de acompanhamento das atividades pedagógicas no horário inverso ao das aulas. Tal como ocorre nos colégios de diversos países, a mesma equipe de professores permanece com os alunos até as 15h. Segundo Neusa, a Educação para Jovens e Adultos (EJA) é outra iniciativa do poder público em parceria com empresas e entidades da região que visa à conclusão do Ensino Fundamental, visto que o Médio e os profissionalizantes são responsabilidades do governo do estado.
O Projeto Vida proporciona atividades no turno oposto ao da escola para mais de 550 jovens carentes com idade dos 6 aos 14 anos. Reforço escolar, recreação, treinamentos esportivos e oficinas complementares são alguns dos trabalhos desenvolvidos, “o objetivo é complementar a formação socioeducacional dos participantes”,afirma.
As atividades são coordenadas pela Secretaria Municipal de Educação, as unidades do programa ficam localizadas, nos bairros São José, Cohab/Moinhos, Campestre, Conventos, Santo Antônio e Santo André.
Segundo a Vanessa, o plano do Projeto Vida é trabalhar valores sociais com as crianças, por meio de atividades que envolvem danças, músicas, artes, costura, capoeira, recreações, futsal, voleibol, hora da leitura e o momento destinado a fazerem suas lições de casa.
Segundo a assessoria da Prefeitura de Lajeado, cinco escolinhas esportivas iniciarão atividades em 2010 , aumentando em 50% as atividades que ocorrem em oito bairros onde diariamente são atendidas mais de 800 crianças e jovens. Outro destaque é o Projeto Adolescente Legal que atende 40 alunos de 10 a 13 anos com atividades físicas e palestras duas vezes por semana, no campo da Delfina, no Conservas.
Projovem Adolescente
O projeto é um programa socioeducativo desenvolvido em parceriacom o poder público dos municípios e União a fim de oferecer arte e cultura aos jovens de 15 a 17 anos no turno inverso ao da escola. Coordenado pela Secretaria de Trabalho, Habitação e Assistência Social (Sthas) o programa se destina a beneficiários do Bolsa Família, egressos de medidas socioeducativas, de programas de combate ao abuso e à exploração sexual e do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti). Em Lajeado, são quatro unidades cada uma com 25 jovens, três durante a tarde e uma de manhã, que oferecem gratuitamente atividades de esportes, dança, oficinas sobre sexualidade nos horários das 8h às 12h e das 13h às 17h. Nara Janete Worm, secretária da Stahs de Lajeado e coordenadora do projeto, adianta que serão inaugurados quatro novos módulos do Projovem Adolescente em que cem jovens serão atendidos, com direito a passagem de ônibus caso morem distante da sede das atividades na rua João Abott, 484, centro de Lajeado. “São dois professores oficineiros, além de assistentes e orientadoras sociais que realizam os trabalhos. Estamos fechando uma parceria com empresas locais para oferecer computadores para as aulas de Informática em breve, comemora.” As matrículas nas cidades que dispõem do serviço podem ser feitas até hoje na sede da Stahs de seu município, as atividades têm início na segunda-feira. Alunos que deixam o projeto são ajudados para a confecção de um currículo e conduzidos ao Sine para encaminhamento profissional. Nara diz que muitos deles estão empregados em supermercados como o Rissul e a Imec e na Uambla, “e este é o primeiro passo para garantir a essas pessoas sua inserção social e uma vida profissional e pessoal digna e feliz”, conclui.
Mais 125 jovens serão atendidos em Estrela
Em Estrela, são as unidades do Centro Municipal de Atendimento (Cemai) que realizam atividades voltadas aos jovens entre 5 e 14 anos. Segundo Anilore Mallmann, coordenadora do projeto, são 300 crianças atendidas nas quatro unidades do projeto, localizadas nos bairros Centro, Moinhos, Loteamento Popular e Oriental. Segundo ela, o objetivo é garantir lazer, integração e cultura aos participantes, a fim de evitar a vulnerabilidade social durante períodos em que os pais que estão no trabalho. “Buscamos enfatizar a leitura, as artes, palestras, informática, o cultivo de hortas e a reciclagem”, afirma. O cardápio é orientado por nutricionistas e oferece café da manhã, almoço e lanche, sempre com frutas frescas e demais ingredientes provenientes de produtores locais. O município de Estrela aderiu ao Projovem Adolescente em 2008 e hoje atende 50 crianças em duas unidades, a boa notícia é a previsão de criação de mais cinco núcleos do projeto ainda em 2010 com captação de mais 125 crianças atendidas.
Nova opção em turno integral
Em Cruzeiro do Sul, os alunos da pré-escola e do 1º ano da Escola Municipal Passo de Estrela irão dispor de turno integral. A opção era oferecida no ano passado para as crianças de 5 e 6 anos, porém não no mesmo local. Neste ano, o processo será diferente. Os alunos que participam pela manhã das aulas regulares, deixarão a escola ao meio-dia para almoçar na “creche” e em seguida retornam ao colégio onde descansarão até as 13h. Após, seguem atividades extraclasse até o final da tarde. Segundo a diretora Patrícia Krug, até o momento são 16 crianças confirmadas para o turno integral e essa forma de trabalho facilitará a aplicação de exercícios direcionados a essa faixa etária.
Em Santa Clara do Sul
No município, a entidade que realiza as atividades para estudantes do ensino público e privado fora do período de aulas é o Apoio Sócio-Educativo em Meio Aberto (Asema). Ao todo são 60 crianças oriundas do ensino público atendidas em duas turmas de 30 componentes oferecidas pela manhã e à tarde. Atividades, que se reiniciam com as aulas da rede pública no dia 1° de março, englobam esportes, teatro, dança e assistência aos assuntos tratados em aula.
Além do Asema, o poder público investe no esporte e nas atividades culturais para garantir a cidadania e a inclusão dos jovens fora do horário escolar. Segundo o secretário de Educação, Gilmar Hermes, cerca de 170 crianças de 6 a 15 anos são atendidas nas escolinhas esportivas em toda a cidade e nas localidades mais afastadas como em Nova Santa Cruz e Alto Arroio Alegre. Mais 60 crianças são atendidas no Centro de Cultura do município com aulas de dança, canto coral, teoria e prática musical e grupos de teatro. “Representantes das escolas e poder público têm se reunido periodicamente para formular ações e soluções para ampliar o número de crianças atendidas, o resultado aparecerá em breve”, afirma.
Pais e professores devem preparar crianças para a vida escolar
Cada criança nasce com tendências diferentes, algumas assimilam com mais facilidade os processos de amadurecimento – como a transição do mundo de brincadeiras para a responsabilidade escolar – e outras tendem a ter necessidade de maior auxílio para isso.
A psicóloga Mariane Rohenkohl diz que a preparação para o ingresso na escola pode iniciar pela permissão da maior participação do pai nas rotinas da criança, fazendo com que ela perceba que existem pessoas confiáveis que podem cuidar dela. Os demais familiares podem participar desse processo, lentamente, para que o universo da criança se amplie.
“Quanto mais a escola ou a creche reproduzirem o ambiente familiar, mais fácil será para a criança se adaptar a ela”, indica.
A psicóloga explica que o que assusta a todos é o desconhecido, portanto mãe e escola precisam se conhecer e criar um laço de confiança para que a mensagem que a criança recebe ao ingressar na escola seja segura e positiva.
Para lidar com a ansiedade
Mariane destaca que é importante que a criança participe da escolha da escola, das visitas feitas a ela antes da matrícula, de uma entrevista com a futura professora, conheça a sala de aula, o pátio e as dependências com o objetivo de familiarizá-la. Se possível, é indicado visitar e proporcionar o encontro com alguns dos futuros coleguinhas no período das férias que antecedem o ano letivo. “A maioria das escolas está preparada para esse momento, adotando programas de familiarização.”
Os pais podem ir gradativamente no final das férias, proporcionando atividades de maior concentração para as crianças, e organizando uma rotina familiar semelhante a que será adotada durante o ano letivo. Ir lentamente introduzindo os horários das refeições e hábitos de repouso e higiene adequados para o processo de aprendizagem.
A compra em conjunto do material escolar, do uniforme, bem como organizar um local que será utilizado para as tarefas extraclasse, preparam a criança para o novo papel que desempenhará. “O importante é que a criança e pais possam fazer esse processo em conjunto, trocando ideias e percepções a respeito de nova etapa de vida que estão iniciando”, acrescenta.
Responsabilidade de pais e professores
Segundo a supervisora da Escola Municipal Porto Novo, Adriana Conte Feil, o bem-estar das crianças que ingressam no Ensino Fundamental tem de partir primeiramente dos pais, que devem conhecer o ambiente escolar onde os filhos estudarão, bem como a proposta pedagógica, isso para que possam levar segurança para a criança. “Eles devem passar as coisas boas para elas, deixar claro que serão momentos bons e de aprendizado”, explica. Ela diz que é normal os alunos se sentirem inseguros, principalmente aqueles que são oriundos de outros escolas e que não realizaram o Ensino Infantil no mesmo local. “No Ensino Fundamental tudo é maior, por isso eles acabam se assustando um pouco”, salienta.
Adriana explica que a escola realiza um projeto de acolhida com os novos estudantes e seus pais, e existem dinâmicas de integração que buscam familiarizar os jovens e os responsáveis com a escola e seus funcionários. Ela diz que é feito um trabalho de reconhecimento de espaço físico com os novos alunos, momento em que são explicados todos os locais da escola, bem como as pessoas que ali trabalham e suas funções. “Realizamos reuniões com pais, para que eles conheçam os professores e os métodos de ensino”, diz.