Moradores do Distrito de Forqueta na encosta do morro Canudos temem a cada chuva. Segundo eles, o barulho provocado pelas pedras que rolam de cima do morro é ensurdecedor.
Glaci Fuchs, 68 anos, nasceu e se criou no mesmo lugar e nunca presenciou tantas pedras descerem com o córrego que passa por sua propriedade. “Nunca tinha visto a água com tanta violência”, impressiona-se. Conforme Glaci, grandes pedras foram arrastadas com o córrego, sendo que numa das vezes o fato foi fotografado por ela. Conforme o morador Ivo Fuchs, a água vem da nascente de cima do morro e desemboca no Rio Forqueta. “O barranco está descendo junto”, fala.
Mesmo assim, os moradores não acreditam que as pedras possam atingir suas residências. “Temos medo é do barulho que elas fazem, mas acho que não vão nos atingir.”
Geólogo alerta sobre perigos no terreno
Segundo o geólogo e coordenador de Engenharia Ambiental da Univates, Everaldo Ferreira, a região dos vales reúne uma série de aspectos favoráveis aos deslizamentos devido ao relevo e características do solo. “Nessas regiões declives, a terra fica apenas um metro acima dos rochedos e quando chove muito desmoronam”, explica. Para ele, a vegetação ajuda a segurar, mas muitas vezes não adianta. “A erosão é um processo natural que somada à vibração dos raios e das mudanças repentinas de temperatura aumentam a incidência.”
Os moradores da encosta desse morro devem estar atentos, pois segundo o geólogo, a queda de pedras é um sinal de que o solo está em movimento. “Nessa região não vimos tantas tragédias desse tipo, porque as encostas são menos ocupadas, por isso quando ocorre o deslizamento não notamos”, enfatiza. Ele explica que as residências instaladas nessas encostas abalaram a estrutura do solo que tenta se recompor, por mais que demore dez, cem ou mil anos. “Quando se fala que nunca ocorreu nada desse tipo, não temos noção de que o tempo de vida humana não pode ser comparado ao movimento das rochas”, disse.