
A corrida tem ganhado cada vez mais adeptos, principalmente pelo fortalecimento de eventos que instigam as pessoas a incluir o esporte em sua rotina. Por ser uma atividade física fácil e acessível, é ideal para quem busca saúde, lazer ou desempenho. No entanto, com o crescimento do número de praticantes, também aumenta a incidência de lesões entre as pessoas que acreditam que para correr basta colocar um tênis e ‘ganhar’ as ruas.
De acordo com o ortopedista e traumatologista de Lajeado, Bruno Führ, que é adepto de esportes desde a adolescência, hoje 30% dos atendimentos em seu consultório são de pacientes que se lesionaram correndo, sendo a maioria mulheres na faixa etária dos 30 aos 45 anos. “Nos casos que requerem procedimento cirúrgico, elas representam cerca de 70%. Isso é muito”, alerta. Segundo o profissional, os números se justificam pelo fato das mulheres terem maior propensão para lesões, por questões biológicas e mecânicas, e também por estarem mais envolvidas com os esportes.
Objetivo e planejamento
O médico salienta que toda iniciativa para cuidar da saúde é bem-vinda. Porém, enfatiza que é preciso ter claro qual o principal objetivo a ser alcançado. “Definido isso, é necessário um planejamento para chegar a essa meta sem grandes percalços. No caso da corrida, que hoje é o esporte da moda, o ideal é procurar auxílio profissional, como um educador físico, por exemplo, que pode ser um grande aliado para que o exercício seja feito da forma correta, sem passar do limite e gerar lesões”, orienta.
Führ reforça que a dica vale, especialmente, para quem não tem o hábito de fazer exercícios regularmente e pretende começar a correr. “As pessoas estão começando a corrida como promoção de saúde, o que é excelente, mas é necessário ter cuidado para não haver sobrecargas nos treinos. O mais indicado, é começar a caminhar para reforçar a musculatura e correr em esteiras, que têm menos impacto, fazendo os exercícios de forma intercalada.” Segundo o médico, começar da forma certa evitará que as pessoas se desmotivem pelas lesões e dores, e mantenham a disciplina e o foco de cuidar da saúde.
Lesões mais comuns entre os corredores:
– Fascite Plantar: inflamação na sola do pé, causando dor intensa ao pisar;
– Síndrome da Banda Iliotibial: dor na lateral do joelho, comum em quem corre longas distâncias;
– Canelite: inflamação na canela, resultando em desconforto ao correr;
– Tendinite Patelar: dor na parte da frente do joelho, causada pelo impacto excessivo;
– Fraturas por estresse: pequenas fissuras nos ossos, resultado da sobrecarga nos treinos.
O que fazer em caso de lesão?
Se houver dor persistente, o ideal é procurar um médico para diagnóstico e tratamento adequado. “Ignorar o desconforto e esperar que a dor passe sem tratamento, ou continuar correndo, pode transformar um problema simples em uma lesão mais grave”, alerta. Com uma investigação detalhada, é possível ter um parecer mais assertivo e um tratamento mais rápido e eficaz, permitindo que o paciente possa retomar suas atividades diárias.
Prevenção é o melhor caminho
– Fortalecimento muscular: exercícios para pernas e core ajudam na estabilidade;
– Uso de calçado adequado: o tênis deve ser compatível com a pisada e o tipo de treino;
– Aquecimento e alongamento: preparam o corpo antes e depois da corrida;
– Progressão dos treinos: aumento da intensidade deve ser gradual;
– Descanso e recuperação: pausas são essenciais para evitar sobrecargas.
Correr com segurança
Com os devidos cuidados, a corrida pode ser uma aliada da saúde e do bem-estar. “O importante é respeitar os limites do corpo, treinar com responsabilidade e buscar orientação profissional sempre que necessário”, conclui o ortopedista.