Possível redução da bancada gaúcha desafia planos do Vale

Opinião

Mateus Souza

Mateus Souza

Jornalista. Coluna com foco nos bairros de Lajeado, seus problemas e soluções. Aborda também assuntos referentes à política regional e mobilidade urbana.

Possível redução da bancada gaúcha desafia planos do Vale

A luta do Vale do Taquari para voltar a ter um representante genuinamente local em Brasília pode ganhar mais um obstáculo. A atualização da população nacional por meio dos dados do Censo 2022 fortalece o debate para revisão das bancadas no Congresso Nacional. E isso pode mexer com o total de cadeiras destinadas a representantes do Rio Grande do Sul.

Hoje, o RS tem direito a eleger 31 deputados federais. Mas, se a revisão for levada adiante, a redistribuição vai tirar duas cadeiras gaúchas. Ou seja, afunila ainda mais a disputa por vagas no parlamento e aumentaria o desafio da região em emplacar um nome local.

Duas situações pesam contra os gaúchos. A primeira é uma decisão de 2023 do Supremo Tribunal Federal (STF), que determina a revisão das bancadas com base nos dados do Censo, e pede que o Congresso edite lei para regular a mudança até 30 de junho deste ano. A segunda é um projeto de lei complementar apresentado pelo deputado federal Pezenti (MDB-SC), com o ajuste nas bancadas.

FOTO: Zeca Ribeiro/divulgação

Pezenti é parte interessada no tema. Santa Catarina teve expressivo aumento populacional desde 2010 e é quem mais se beneficiaria da redistribuição (ao lado do Pará), pois ganharia quatro cadeiras, passando das atuais 16 para 20.

Por outro lado, o atual presidente da câmara, Hugo Motta já sinalizou que prefere aumentar o número de vagas totais para o Congresso do que fazer a redistribuição. Claro, faz isso pensando em manter sua influência para não perder apoio nas bancadas de estados “prejudicados”. Mas é um movimento arriscado. Afinal, gera aumento de custos – estimado em R$ 46 milhões por ano.

Aliás

A distribuição de cadeiras não é alterada na Câmara dos Deputados desde 1993. Na época, foram utilizados os dados do Censo de 1990 e consideraram o surgimento de novas unidades da federação. Desde então, a quantidade de vagas por estado sempre permaneceu a mesma.
Mexer na configuração atual do Congresso é um tema espinhoso. Envolve disputas regionais, gastos públicos e, claro, (muita) vaidade dos políticos. Do lado de fora dessa discussão, o Vale aguarda por desdobramentos. A torcida, por óbvio, é para permanecer como está…

15 ANOS…

Lá se vão 15 anos da última vez em que um deputado federal com domicílio no Vale do Taquari foi eleito. Enio Bacci, então no PDT, somou 92.116 votos. Desses, 34.381 saíram de eleitores da região. Claro, havia uma grande vantagem sobre outros nomes locais que disputaram aquele pleito: ele já exercia mandato parlamentar. Sem dúvidas, um diferencial.

Marcelo Caumo/ Enio Bacci

É difícil traçar um paralelo com a situação atual. Dos nomes que já se lançaram para 2026, Marcelo Caumo calcula 100 mil votos para chegar a Brasília. Desses, 30 mil só em Lajeado e outros 30 mil no restante da região. Ou seja, quase o dobro do desempenho de Bacci no Vale em sua última eleição.

A meta é ousada. Comandar a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano pode lhe dar maior visibilidade no restante do Vale e em outras regiões do RS. Mas a concorrência pesada dos deputados de fora (e suas emendas parlamentares) vai dificultar a caminhada.

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