Quando recebi esta sugestão de pauta para escrever e refletir, fiquei pensando que merecia mais espaço e discussão do que este artigo pode comportar.
Mas vamos por aqui iniciar nosso “fórum mental”…
Quando penso na construção do protagonista, subentendo um ecossistema que conta também com o coadjuvante. E é justamente por esta ponta que eu vejo que podemos construir o protagonismo deforma saudável. Compreender a importância da coadjuvação dentro de um processo é essencial para construir ecossistemas sustentáveis.
A interpretação correta destes dois personagens é fundamental para não motivarmos preciosismo demasiado de uns em detrimento da construção do outro.
Quando se fala em promoção do protagonismo é importante decentralizar da ideia de estereótipos de liderança e receitas prontas, (muitas vezes caquéticas), perfis de julgada boa conduta que são perpetuados dentro da Educação, e que atualmente não mais condizem com nossa realidade. Além disso, entender que a construção do protagonismo ou da liderança estudantil se dá justamente para romper algumas fronteiras geracionais e oportunizar aos nossos jovens que tragam suas identidades para os meios de convívio.
Quando a cultura do estudante e perfil ideal de comportamento são polarizados, não há êxito na jornada. Cria-se uma distância abissal entre a idealização da proposta pedagógica e aquilo que de verdade os jovens tem para oferecer enquanto valores, identidade, centros de interesse.
Não é sobre deixar o aluno conduzir as coisas ao seu bel-prazer, isso seria a abdicação do professor de seu papel de condutor. Mas valorizar as opiniões, características individuais ou de grupo, contemplar e dar espaço para a singularidade e ao que é plural, para depois tangenciar ações, e organizar metas, distribuir tarefas…
Para além disso, digo que nosso papel na Educação, hoje, está atrelado em conduzir estes jovens ás suas descobertas e valores. Então, esta jornada de construção do protagonismo deve ser pautada na ensinagem (relação de aprendizagem professor-aluno que envolve ensinar e aprender).
Conduzir aos jovens para suas descobertas sobre si mesmo, é autoconhecimento, e qualquer jornada pedagógica que desconsidere o autoconhecimento está fadada ao fracasso, em algum de suas etapas.
A ausência de práticas pedagógicas que promovam o autoconhecimento antes de fomentar o protagonismo de uma forma mais pragmática, tem tido um efeito rebote, no qual podemos observar uma geração antagônica, “sem chão”, aparentemente desnorteada.
Essencial lembrar que estudantes tem casas, famílias, e quando falamos em protagonismo do estudante não podemos eximir a família do seu principal papel de educadora destes jovens.
Além da escola, há inúmeras ferramentas sociais e ou pontes para o autoconhecimento que podem ou devem fazer parte de uma vida infanto-juvenil saudável. Uma vida equilibrada é alimentada por práticas que estão presentes no esporte, na arte, em um lar acolhedor, em lugares de energia positiva…
Acho mesmo, meus queridos, que não há avanços ou protagonismo sustentável sem autoconhecimento. A começar por nossos pais e mestres. Pois como diz popularmente: ‘a palavra ajuda, mas o exemplo arrasta’.