Quem é o Artêmio além dos portões da escola?
Nasci em Sério e me criei em Constantina. Vim morar em Lajeado em 1991, para trabalhar na empresa Minuano, carregando carretas. Um dia, fiz um curso de vigilante, e fui aprovado no colégio. Trabalho no CEAT há 23 anos.
Qual o segredo para a longevidade da profissão?
É respeito. Tratar a todos igualmente, com educação. O meu cotidiano no colégio e acompanhar os alunos, observar os corredores, recepcionar novas pessoas, os pais e os estudantes. A portaria não pode ficar sozinha. Quando alunos atrasam, somos responsáveis por abrir os portões. Os pais que estão trazendo os filhos hoje, foram os alunos de antigamente.
Os jovens são difíceis de lidar?
Não. Se você os conduzir com educação, eles te respeitam na mesma medida. Nunca alterei a voz com ninguém. E nem precisa. Às vezes basta um gesto para eles entenderem. Jovem precisa muito de carinho e atenção, como todos nós.
Tenho quatro filhos. O mais velho estudou no colégio e agora, minha filha de 8 anos também está na escola. Uma boa educação ajuda para o futuro. E também é preciso ter o apoio da família.
O que você aprendeu com os alunos?
Aprendo todo dia. Muitos almoçam na guarita e conversamos. A amizade se mantém em função do respeito como os jovens me tratam e eu os trato. Aprendi a cultivar relacionamentos com eles e também na noite. Porque trabalho com eventos noturnos e muitos, eu encontro nestes eventos.
A minha faculdade acontece com pessoas, conversando com elas nos eventos noturnos. Ter respeito vale mais do que ter equilíbrio emocional. Porque quando você conversa com tranquilidade, a pessoa passa a te olhar diferente. Ela procura te entender.
Conversa educada é suficiente, sempre?
Sim. Nos eventos em que atuamos, costumamos somente conversar educadamente, mesmo com pessoas um tanto alcoolizadas. Elas compreendem. Fica tudo legal. Chegam até nós e nos abraçam, antes de irem embora.