A profissionalização das transmissões esportivas

Opinião

Ezequiel Neitzke

Ezequiel Neitzke

Jornalista

Coluna esportiva

A profissionalização das transmissões esportivas

Nos últimos anos, o futebol amador conquista cada vez mais espaço nas transmissões esportivas. A popularização dos vídeos ao vivo e o aumento do alcance pelas redes sociais têm impulsionado clubes e ligas a buscar maneiras de regulamentar essa exposição midiática. As transmissões em vídeo, especialmente, amplificam e potencializam a visibilidade das marcas que apoiam os clubes, seja por meio das placas de publicidade na beira do campo, seja nos uniformes das equipes. Essa visibilidade é uma ferramenta poderosa para valorizar os patrocinadores e garantir retorno ao investimento feito nos clubes.

Um exemplo claro foi dado no ano passado pela Taça Intermunicipal, que inovou ao estabelecer, em seu regulamento, que os veículos de comunicação interessados em transmitir os jogos deveriam pagar uma taxa. Algo semelhante aos direitos de imagem praticados no futebol profissional. No segundo semestre, a mesma prática foi adotada no Regional Aslivata.

Essa postura evidencia o crescimento das transmissões no futebol amador e, ao mesmo tempo, levanta um debate importante: como garantir que essa profissionalização não cause desequilíbrios e seja justa para todos os clubes e imprensa envolvidos? A cobrança de taxas, por exemplo, se mal organizada, pode gerar distorções e desigualdades.

Diante disso, deixo aqui uma sugestão para a Aslivata, especialmente por conta da aproximação de mais uma edição do Regional. Para evitar que os veículos de comunicação negociem diretamente com os clubes, o mais justo seria que a entidade cobrasse uma taxa padronizada, por conta do tipo de transmissão. Se o veículo transmite os jogos em vídeo e áudio, o valor seria A; caso a transmissão seja apenas em vídeo, o valor seria B; e se for apenas via rádio, o valor seria C. Essa diferenciação evita desequilíbrios e garante um tratamento igualitário.

Além disso, para assegurar a distribuição justa dos valores arrecadados, a Aslivata poderia adotar um modelo de repasse proporcional ao final do campeonato. O cálculo seria feito com base em relatórios apresentados pelos veículos de comunicação, que apresentariam quantas partidas foram transmitidas em cada praça esportiva. Dessa forma, se um time recebeu 11 transmissões ao longo da competição, por exemplo, ele receberia proporcionalmente a esses jogos. Já os clubes que não receberam transmissões não teriam direito ao valor, isso garante que a verba realmente beneficie os que contribuíram para a visibilidade do campeonato.

Outro ponto que merece atenção é a estrutura oferecida aos profissionais da comunicação. Se há a intenção de se espelhar no futebol profissional, é preciso também investir nas condições de trabalho para quem realiza as transmissões. Alguns campos no Vale do Taquari, por exemplo, mal comportam uma equipe completa de transmissão, o que dificulta o trabalho e prejudica a qualidade da cobertura.

Cabe destacar, em competições profissionais, é comum que os profissionais recebam água e lanche durante o trabalho, algo que, na última temporada, foi observado em pouquíssimas sedes. São detalhes que, embora pareçam pequenos, fazem a diferença na rotina dos comunicadores e na qualidade das transmissões.

Se a ideia é profissionalizar o futebol amador, que essa profissionalização aconteça de forma justa, organizada e com respeito aos envolvidos. Assim, o futebol amador seguirá com o crescimento e garantirá visibilidade para os clubes e respeito para os profissionais que contribuem para essa divulgação.

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