Bom Retiro do Sul iniciou uma reestruturação do Núcleo de Apoio à Atenção Básica (NAAB) e na rede de Saúde Mental. O primeiro passo foi a criação de uma coordenação específica ao setor, que fica responsável pelo trabalho de orientação da equipe, acompanhamento e criação de novas ferramentas e espaços aos atendimentos.
A psicóloga Milena Schmidt assume a coordenação com o objetivo de unificar o sistema de saúde municipal em torno da Saúde Mental. “O que venho implantando junto às unidades de saúde é que a saúde mental não se resume a psicólogo, psiquiatra e remédios. Todos os profissionais de saúde podem contribuir a esse trabalho coletivo. Estamos preparando nossas equipes para que consigam acolher e direcionar nossos pacientes desde o primeiro contato”, relata.
O município abriu processo seletivo para contratação de duas psicólogas que começam nas próximas semanas. Além delas, a Secretaria de Saúde tem mais duas profissionais do quadro, além da coordenadora. Desta forma, todas as unidades de saúde terão atendimento psicológico.
Aumento da demanda
De acordo com dados do Ministério da Previdência Social, em 2024 teve mais de 37 mil afastamentos de trabalho no Rio Grande do Sul em decorrência da saúde mental. Depressão e ansiedade lideram a lista e representam 48% do total.
A secretária da Saúde Taila Portz diz que o cenário reflete na realidade do município. “A cada dia aumenta a demanda. O que planejamos junto da nova coordenação é a ampliação dos atendimentos coletivos, dos grupos de apoio e das oficinas – onde conseguimos atender mais pessoas e atingir os objetivos da mesma forma”, afirma.
Milena coloca que, além das oficinas de arteterapia e de educação física que ocorrem com um profissional da área e o suporte das psicólogas, a rede projeta o retorno das oficinas de teatro aos adolescentes. “É um público que hoje está desassistido. Com a retomada deste projeto vamos nos aproximar da juventude e construir elos significativos.”
A oficina de educação física é voltada aos hipertensos e diabéticos. Outro grupo em funcionamento é do tabagismo, acompanhado por médico, enfermeiro e psicólogo. No planejamento de trabalho da coordenação, há a retomada do grupo voltado aos dependentes químicos também. Por meio dos serviços já oferecidos pelo município, Milena afirma que a rede atende mais de 300 pessoas.
A melhor por meio da perspectiva
A psicóloga Cleci Aparecida Gomes da Silva atende na Estratégia Saúde da Família, do bairro São Francisco. Portadora da doença degenerativa Distrofia Muscular Progressiva, que limita movimentos físicos, ela afirma que atuar na rede de Saúde Mental a faz ressignificar a própria vida.
“A Saúde Mental é um trabalho coletivo e de troca. Ao mesmo tempo que a minha história de superação motiva meus pacientes, eu me motivo por estar com eles. E é gratificante mesmo com os desafios saber que meu trabalho faz a diferença na vida deles”, coloca.
Em relação aos atendimentos de grupo, Cleci afirma que eles agem por meio da perspectiva. “Ouvindo a história do outro, é possível criar novas ferramentas para lidar com os conflitos pessoais. Além da gente conseguir atender mais pessoas, atingimos os objetivos e oferecemos a interação social”.