O Ministério Público acompanha a situação do sistema de recolhimento e destinação de resíduos sólidos em Lajeado sob duas frentes. De acordo com o promotor de Justiça do Meio Ambiente, Sérgio Diefenbach, a parte contratual e legal está sob análise da Promotoria Cível, enquanto a Promotoria Ambiental avalia o quadro geral da gestão do lixo na cidade.
“Se me perguntarem como está a situação, é como questionar a saúde de alguém. No último exame, pode estar tudo bem, mas sabemos que pode mudar de uma semana para outra. Uma cidade é um organismo vivo, que consome produtos e devolve resíduos, sejam líquidos, orgânicos ou sólidos”, explicou.
Diefenbach ressaltou que aterros sanitários exigem fiscalização e investimentos constantes, mas muitas vezes não recebem prioridade por não terem impacto visual imediato. “O de Lajeado chega ao limite em alguns momentos. No momento, há licença para uma célula emergencial enquanto se avalia a abertura de uma última célula na área atual, o que pode dar um fôlego de 15 anos”, apontou.
O promotor reforçou que a cidade cresce em todas as direções, o que aumenta a geração de resíduos. “Não basta focar apenas no recolhimento. Precisamos tratar da separação, do encaminhamento e da destinação correta”, afirma. Segundo ele, a educação ambiental é essencial, mas deve ir além das crianças. “O grande mal-educado é o adulto”, alertou.
Ele considera que o problema envolve tanto questões culturais quanto técnicas e cabe ao poder público definir metas para os próximos dez anos. “O contrato de recolhimento é só uma parte de algo muito maior. Se não enfrentarmos o problema como um todo, continuaremos lidando apenas com emergências”, avaliou.
Diefenbach cita o exemplo de Canela, onde uma cooperativa que sofreu intervenção conseguiu elevar a reciclagem de 5% para 15%. “São mudanças possíveis, mas exigem planejamento”, pontuou.
A situação do aterro sanitário preocupa. “O lixo chega mal separado, acumulado, e a triagem não dá conta. Muito do que poderia ser reaproveitado vai para o aterro geral, sobrecarregando ainda mais o sistema”, relata. O gestor municipal procurou o Ministério Público para informar sobre a contratação emergencial de uma empresa, mas o promotor reforça que isso, por si só, não resolve o problema. “Acompanhamos o processo, pois é uma necessidade, mas se não houver um planejamento completo, a mudança será apenas paliativa”, concluiu.
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