Ocorre hoje em Lajeado a audiência pública sobre o projeto de concessão das rodovias do Bloco 2. Em Teutônia, o tema está em constante debate entre entidades público-privadas. Anseio pela duplicação da ERS-128 – Via Láctea – é antigo, mas proposta atual não atende às necessidades locais. Engenheiro afirma que projeto causa “transtornos”.
A proposta apresentada pelo governo do Estado prevê a duplicação de apenas 3,7 quilômetros dos quase 16,5 totais da rodovia – percurso que inicia da entrada do município, na RSC-453, e segue até a rótula da Rua Major Bandeira. “Não preveem a duplicação do restante do trecho, o que nós consideramos necessário. E ignoram alguns acessos que existem hoje. Causam um transtorno bem grande. Não atendem o município”, aponta Alexandre Etgeton, Engenheiro Civil da prefeitura de Teutônia.
Além de rodovia, que interliga a RSC-453 a BR-386 e tem função de escoamento da produção, a Via Láctea é uma via urbana, que permite acesso a todos os bairros de Teutônia. Dos oito trevos existentes, no projeto atual, um deixa de existir (Centro Administrativo). Outros, tem função alterada: a rótula do bairro Teutônia, por exemplo, deixa de ter travessia direta.
As duas rótulas de acesso aos bairros Languiru e Alesgut ficam interligadas, também sem travessias. Situação semelhante está prevista para os trevos de Canabarro, que dão acesso ao centro do bairro e à localidade de Linha Ribeiro. “O projeto prejudica bastante o município em questão de mobilidade urbana. Causa vários transtornos”, avalia o engenheiro.
Intervenções necessárias
Marcus Vinicius Spiandorello, também engenheiro civil da prefeitura de Teutônia, ressalta que é preciso mais tempo para analisar melhorias para o projeto. “A mobilidade tem atenção maior: a ampliação do trecho a ser duplicado dentro do município de Teutônia e a possibilidade de construção de vias laterais junto às margens da rodovia para facilitar o acesso dos munícipes aos bairros e localidades as margens da RS-128”, cita.
Travessias elevadas e túneis subterrâneos foram analisados. De acordo com o engenheiro, as alternativas são amplamente discutidas para que uma proposta adequada à realidade local seja apresentada ao Estado. “Não há nada de concreto no presente momento. Apenas a expectativa de que as sugestões e apontamentos possam ser repassados aos órgãos gestores do projeto e das intervenções, tanto na ERS-128 quanto na ERS-453”.
Projeto é importante
O prefeito de Teutônia, Renato Altmann, ressalta que “a duplicação da Via Láctea traz consigo a promessa de melhorias no tráfego e na mobilidade”, mas concorda que “do jeito proposto, vai apresentar problemas de mobilidade ao município”. A obra tem objetivo de melhorar o fluxo de veículos e agilizar o tráfego de passagem, mas precisa considerar a realidade local.
Diante do cenário, a comissão responsável pela análise do projeto levanta pautas para garantir que o projeto não se torne um problema. “Uma das principais demandas é um prazo maior para o debate público, com o objetivo de discutir o projeto de forma mais aprofundada, já que não concordamos com a proposta atual em sua totalidade”, ressalta Renato.
Outro ponto, de acordo com o chefe do Executivo que está também à frente da Secretaria de Mobilidade Urbana, é a inclusão do trecho de Canabarro na duplicação.
Renato cita ainda a ampliação da duplicação até a BR-386, em Fazenda Vilanova, que “permitirá a distribuição adequada do tráfego, aumentando a eficiência no deslocamento entre vários municípios do Vale do Taquari e também da Serra”, ressalta.
Para o prefeito, o projeto é importante para o futuro da região, mas sua implementação precisa ser aprimorada para garantir benefícios justos e eficazes.
O projeto atual não prevê duplicação do trecho da ERS-128 de Fazenda Vilanova, mas contempla no local um pórtico de cobrança de pedágio, no modelo Free Flow. Para Amarildo Luiz da Silva, prefeito do município, a proposta é negativa e não atende nenhuma das cidades. “Vemos o pórtico de cobrança automática no trecho de Fazenda Vilanova, em contrapartida vamos receber só três quilômetros de duplicação – do trecho da PRE até o Centro Administrativo de Teutônia. Isso não supre nem as demandas de Teutônia”, afirma.
Amarildo concorda que é preciso mais tempo para debate. “A situação tem que ser discutida, não pode ser tocado goela abaixo. O projeto precisa ser analisado melhor, até porque vai impactar as futuras gerações. São 30 anos [de concessão] e vai ter cobrança com pedágio entre Fazenda Vilanova e Teutônia por 30 anos, mas qual é o investimento? Três quilômetros na rodovia RS-128?”, questiona.