“Esse acesso está horrível, não tem mais condições Quebra as molas dos caminhões, estoura pneus. É um problema sério. Uma solução precisa ser tomada urgentemente.” As palavras do caminhoneiro Gilberto Eckert, explicita o sentimento de muitos motoristas que precisam trafegar entre a Ponte do Exército e na recém aberta estiva.
“Além de toda essa poeira, ainda tem buraco que não acaba mais e muitas pedras soltas”, realça o motorista. Pela rua Romeu Pedro Scheren, em Lajeado, são dois quilômetros de estrada de chão.
A Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) assumiu a manutenção. Porém, moradores próximos afirmam não terem visto nenhuma máquina. “Não sei quem está fazendo esse trabalho. Mas está demais. Todo dia tem caminhão parado porque não consegue subir”, diz Juarez Giovanella.
No início da semana, o diretor presidente da EGR, Luís Fernando Pereira Vanacôr, afirmou que a empresa pública fará a manutenção da rua de acesso às pontes entre Lajeado e Arroio do Meio. A colocação de material começou a ser feita no fim da tarde de ontem.
Críticas de motoristas e moradores
O transtorno do alto fluxo resulta em estresse e dificuldades físicas. “Não consigo nem respirar direito. É muita poeira. A casa está sempre suja”, reclama o aposentado Rubens Schneider. Com 69 anos, mora com a mulher, Nelci, e o filho. Portador de deficiência, o rapaz tem síndrome de Down e Autismo. “Ele fica muito nervoso com esse barulho de caminhão e com as buzinas”.
Para tentar reduzir o problema aos moradores, o município tem molhado a pista. Ontem, o trabalho foi feito no início da manhã. Ao meio dia, a pista estava seca. Sem a manutenção da rua, os veículos precisam passar pela contramão. Em uma das subidas, nas proximidades das casas dos vizinhos Rubens e Juarez, está o trecho apelidado de “quebra caminhão.”
Por ser íngreme, veículos mais pesados enguiçam. Uma máquina do governo de Lajeado fica durante a manhã até o fim da tarde na frente da casa da família Schneider. Com um servidor responsável por operar. Ele tem a orientação de puxar os veículos que estragam para evitar os engarrafamentos. De acordo com ele, a média de socorro varia entre dez até 15 atendimentos.
“A situação para fazer a travessia é complicada. Há muitos buracos, é difícil rodar. Já faz uns cinco meses que estamos enfrentando esse problema. Todo dia tem caminhão quebrado”, reforça Adilson da Silva Nunes, caminhoneiro que transporta frango para o frigorífico em Arroio do Meio.
Mesmo com a estiva (ponte baixa), que dividiu o trânsito, ainda há críticas. “Esse trajeto está péssimo, sem condição nenhuma. A ponte que fizeram foi um desperdício de dinheiro. Não investiram na manutenção da rua, que está cheia de buracos e pedras”, aponta Tiago Barbizan.
Outro caminhoneiro, Darci Macedo, também expressa sua insatisfação: “Além da poeira e dos buracos, o trânsito na ponte de ferro é uma bagunça. O que mais incomoda é a buraqueira e o espaço insuficiente para passar.”
Roca Sales e Colinas
A ERS-129, que liga Roca Sales a Colinas, tornou-se uma movimentada desde a queda da ponte sobre o Rio Forqueta. No entanto, os sete quilômetros de chão batido entre Fazenda Lohmann e Colinas apresentam problemas de trafegabilidade.
“A comunidade paga o pato”, diz Rodrigo Alex Silva, morador e organizador de protestos na localidade de Fazenda Lohmann. “É muito caminhão. Um movimento que nunca tinha visto aqui. Quando não tinha a Ponte do Exército, os carros e caminhões ficavam duas horas parados ali.”
O governo do Estado reconhece as dificuldades. No fim do ano passado, em reunião com integrantes da Câmara da Indústria e Comércio (CIC-VT), o secretário dos Transportes, Juvir Costella, afirmou que está previsto o asfaltamento dos sete quilômetros da rodovia.
Esse investimento está previsto pelo Plano Rio Grande, com recursos do Fundo da Reconstrução (Funrigs). Porém, as obras só começam após a conclusão da nova ponte sobre a ERS-130. Até lá, moradores e motoristas cobram a manutenção paliativa.