De setembro de 2023 a maio deste ano, chuvas torrenciais geraram três enchentes no nosso Vale do Taquari, duas delas chegando a níveis nunca vistos e deixando um rastro de estragos, dor e desespero. Na sua esteira, um lock down logístico que nos isolou de outros Municípios, Regiões e Estados, preocupante sob o ponto de vista social e com os enormes sacrifícios para as pessoas, e, assustador, diante dos reflexos econômicos negativos a que nos sujeita. Adicione-se milhares de imóveis (residenciais, industrias e comerciais), danificados, destruídos ou desvalorizados.
Nossa gente arregaçou as mangas e misturou as lágrimas com o suor da luta da reconstrução. Porém, passados sete meses, vemos que a caminhada será bem mais difícil do que se pensava, impossível de ser vencida sem o auxílio oficial de Municípios, Estado e Governo Federal.
Quanto ao caos logístico, a situação é gravíssima, pois, se não solucionado com brevidade, a região irá definhar.
Pior que as perspectivas não são boas: as travessias do Rio Forqueta, via “ponte de ferro” (para automóveis) e a provisória construída pelo exército (para caminhões), entre Lajeado e a parte alta do Vale, têm acessos precários. Os Poderes públicos responsáveis não foram capazes, nem ao menos, de pavimentá-los, com o que carretas não atolariam e filas intermináveis de veículos não se formariam. Mais adiante, na BR 386, com a travessia do Taquari em recuperação ainda por meses, também outros quilômetros de filas de veículos, diariamente.
O sacrifício humano e o custo logístico decorrentes serão letais para nosso florescimento socioeconômico. Para exemplificar, imaginem a mortandade de suínos e frangos que teremos neste verão, com os caminhões carregadores parados em filas intermináveis. Será que as respectivas cadeias produtivas o suportarão?
Para piorar, irão trancar a passagem pela ponte ferro neste sábado, afora em outros momentos, para pavimentar algumas dezenas de metros de acesso (que já deveriam estar prontos), perguntando-se por que não o fazem à noite. Será um caos.
E, pasmem, neste nosso desespero, Estado e concessionária nos acalentaram e enganaram, insistindo que a nova ponte da RS 130, sobre o Forqueta, estaria pronta até o Natal, fato desmentido por eles mesmo, há poucos dias, com a maior desfaçatez, graças a argumentos técnicos do empresário Luchese.
Enfim, estamos sendo vilipendiados por quem deveria estar nos apoiando diuturnamente.
Restam-nos duas atitudes: quedarmos, revestindo nosso nariz com a bolinha vermelha do nariz de palhaço, ou reagirmos com veemência, fazendo-nos ouvir. Para tanto, precisamos ser liderados e coordenados por pessoas que tenham sapiência e coragem para tal.