Preocupações sobre a retenção de talentos após os episódios climáticos extremos e garantir melhoria na infraestrutura logística foram dois dos assuntos debatidos durante o fórum macrorregional da Federasul.
O evento ocorreu na tarde de ontem, na sede da Câmara da Indústria e Comércio (CIC) de Teutônia. Conforme o presidente, Renato Scheffler, o encontro teve como intuito criar um documento regional sobre pontos frágeis e oportunidades para garantia do desenvolvimento social e econômico da região.
“Depois de termos sofrido tanto com as inundações, temos temáticas urgentes para mitigar prejuízos e garantir a retomada das nossas empresas”, destaca. De acordo com ele, o fórum significa um primeiro passo para que o setor associativista se organize em torno das prioridades de todas as regiões gaúchas, para que se tenha a representatividade da Federasul para cobrança de políticas públicas tanto nos governos estadual quanto no federal.
“No ano passado, a edição aconteceu em Lajeado. Na ocasião, apresentamos as dificuldades do setor de proteína animal, frente ao custo dos insumos. Foi articulado pela federação o pedido de mudança na lei e o Estado passou a isentar a cobrança de imposto do milho vindo de outros estados”, relembra Scheffler.
Precisa-se de pessoas
Um dos principais tópicos do fórum foi a dificuldade em manter mão de obra qualificada na região. O presidente da Federasul, Rodrigo Sousa Costa, destaca que há um risco de “êxodo dos talentos”, um fenômeno que vem se intensificando em todo o RS.
“Temos um cenário desafiador: a combinação das tragédias climáticas com a falta de perspectivas para os jovens tem forçado muitos a buscar oportunidades fora. Esse é um problema que pode comprometer profundamente o futuro do estado”, alerta Costa.
De acordo com ele, o Rio Grande do Sul é o primeiro no país a encolher em termos de população já em 2026. Neste sentido, aponta que, além de qualificação, muitos jovens desistem da ideia de trabalhar nas cidades e regiões onde nasceram devido à falta de oportunidades.
“Precisamos reverter a lógica, criar um ambiente que valorize o trabalho, a capacitação e que ofereça perspectivas de crescimento. Não podemos perder nossos talentos para outras regiões ou países”, reforçou.
Gargalo na infraestrutura
A construção de uma nova ponte sobre o Rio Taquari, na BR-386, foi colocada como uma obra fundamental. Para o presidente da CIC Teutônia, Renato Scheffler, após os danos causados pelas enchentes, a falta de uma infraestrutura adequada agrava ainda mais a crise logística do Vale.
“Estamos falando de uma região que depende do escoamento eficiente da produção para se manter competitiva. Se não houver investimento rápido e coordenado, nossa recuperação será ainda mais lenta”, destacou.
Para Rodrigo Sousa Costa, a Federasul estará ao lado dos líderes regionais para defender o investimento nesta obra. “Nós ouvimos as dores e as prioridades aqui no Vale do Taquari. Vamos lutar para que ela se concretize. Representamos vozes do estado inteiro, mas é aqui, nos fóruns regionais, que identificamos onde estão as necessidades mais urgentes.”
Associativismo e a força comunitária
Além das temáticas econômicas e logísticas, o evento também foi marcado pela defesa do fortalecimento do associativismo como forma de superar as crises. O presidente da Federasul destaca o papel da comunidade do Vale do Taquari.
“A região é um exemplo de como o associativismo e o empreendedorismo comunitário podem fazer a diferença. Mesmo diante de tantas dificuldades, o Vale se manteve de pé, liderando iniciativas que hoje já estão reconstruindo parte da infraestrutura perdida, como as pontes e acessos rodoviários por meio da iniciativa privada e da comunidade”, reconhece.
A Federasul, afirma Costa, enxerga no associativismo a chave para enfrentar crises futuras. “Precisamos nos unir para trocar experiências, compartilhar soluções e continuar trabalhando em prol de um desenvolvimento que seja sustentável, tanto do ponto de vista econômico quanto social.”