O mês de setembro é dedicado à prevenção do suicídio e traz à tona um tema delicado, mas essencial: a depressão infantil. Embora seja associada apenas aos adultos, a depressão também afeta crianças e adolescentes, e sua identificação precoce é fundamental para garantir o tratamento adequado.
Médico psiquiatra, Bruno Borba destaca que a depressão infantil é frequentemente confundida com o comportamento natural do desenvolvimento da criança ou com outras doenças. Entre os primeiros sinais, destacam-se os sintomas somáticos como as dores de barriga persistentes, crises respiratórias ou de irritabilidade e isolamento social. “Os pais podem interpretar esses sinais como parte do crescimento, o que atrasa a busca por ajuda”.
Segundo a psicóloga Juliete Petter, a dificuldade do diagnóstico de depressão na infância também está relacionada ao fato da criança não saber como verbalizar seus sentimentos e pensamentos. Por isso é preciso que os pais e cuidadores estejam atentos a falas como ‘quero dormir para sempre’ ou ‘não sei porque tenho que ir para a aula todos os dias’.
“A tristeza é diferente da depressão. A depressão é uma tristeza crônica, quando não se vê saída para aquele sentimento ou dificuldade específica. Já a tristeza é um momento de parada e reflexão”, explica a psicóloga.
A conscientização promovida pelo Setembro Amarelo visa quebrar o silêncio e o tabu que cercam a saúde mental, especialmente entre os mais jovens. Afinal, reconhecer os sinais de depressão na infância e na adolescência é o primeiro passo para oferecer o suporte necessário e promover um ambiente de acolhimento e compreensão.
Sintomas e causas
Bruno ressalta que os sintomas nas crianças são diferentes do adulto. A exemplo da reatividade ao afeto. O psiquiatra explica que um adulto deprimido, ao ser presenteado ou convidado a encontrar um amigo não reage a ação. Fica inerte. “ Ele acorda com essa depressão que começa no início da manhã, e talvez dará uma amenizada ao longo do dia”.
Na mesma situação de receber um presente ou ver uma pessoa que gosta, os pequenos esboçam alegria. “A criança tem um afeto mais reativo. E, às vezes, as famílias confundem isso. Acham que é birra da criança. O adulto acaba não tendo essa reatividade e isso confunde bastante ao compararmos os dois perfis”.
Sobre as causas da depressão, Juliete e Bruno ressaltam que a doença é multifatorial, ou seja, pode envolver questões do ambiente externo, de criação, e também fatores genéticos. Para eles, uma criança que aprende a lidar com a questão dos problemas desde cedo e tem o apoio correto, vai ser um adulto mais saudável no futuro.
Assista o bate-papo completo com Bruno Borba e Juliete Petter, nas plataformas digitais do Grupo a Hora. O programa “Nosso Filhos” foi apresentado por Mateus Souza e pelo Dr. João Paulo Weiand. Patrocínio de Clínica Protege e Colégio Evangélico Alberto Torres – CEAT.