Juros e antibióticos

Opinião

Rogério Wink

Rogério Wink

Juros e antibióticos

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No Brasil, as taxas de juros sobem e descem várias vezes ao longo dos anos. É uma das formas que o governo usa para controlar a inflação, mas, assim como antibióticos, os juros têm seus efeitos colaterais. Aumentar os juros pode ajudar no curto prazo, mas se esse “remédio” não for usado com cuidado, pode trazer outros problemas para o mercado de consumo e para as empresas.

Quando a inflação começa a subir, o Banco Central aumenta os juros para esfriar a economia. Isso deixa o crédito mais caro, desestimulando compras e investimentos. A ideia é que, com menos gente comprado, os preços caiam e a inflação fique controlada. É como usar antibiótico para combater uma infecção: funciona, mas tem um preço colateral .

O grande problema é que, ao elevar os juros, a economia também sofre em outras áreas. Empresas que dependem de crédito para investir, como comprar máquinas ou expandir o negócio. Os consumidores, por sua vez, gastam menos porque comprar a prazo fi ca mais caro para quem depende de crédito. O resultado? Menos vendas, menos empregos, menos crescimento e afeta a “fome “do empreendedor em novos investimentos com dinheiro de terceiros, pois o custo do dinheiro que são os juros aumentou.

Assim como antibióticos podem enfraquecer o organismo se usados por muito tempo, juros altos por períodos prolongados acabam afetando a saúde da economia. As empresas não conseguem crescer, o consumidor perde poder de compra e a confiança no mercado cai.

No Brasil, os juros são usados muitas vezes para resolver problemas de curto prazo, mas o grande desafi o é o desequilíbrio das contas públicas. Os governos gastam mal, mais do que arrecadam, criando um déficit fiscal. Sem resolver esse desequilibrio na origem, os juros acabam sendo um “remédio” que trata o sintoma, mas não cura a doença.

Enquanto o governo continua gastando mais do que pode, a inflação volta, exigindo novos aumentos de juros. É um ciclo de sobe e desce que prejudica empresas e consumidores. Assim como o uso de antibióticos deve ser acompanhado por mudanças nos hábitos (e um bom profissional da saúde), a economia também precisa de ajustes estruturais (e um bom gestor público). Resolver o desequilíbrio fiscal e melhorar a gestão pública são passos essenciais para evitar o uso constante de juros como solução.

Empresas precisam se adaptar a esses ciclos de juros. Boa gestão financeira, controle de custos e inovação são algumas das formas de sobreviver em tempos complexos, ainda mais no Brasil onde esse ciclo se repete, quem pode reduz a margem ou repassa.

Juros, como antibióticos, são úteis, mas precisam ser usados com moderação. Sem atacar a raiz dos problemas econômicos, o Brasil corre o risco de continuar preso em um ciclo de inflação e juros altos, prejudicando o crescimento e a prosperidade.

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