Como você começou a frequentar cemitérios?
No Vale do Taquari, há inúmeros cemitérios de imigrantes alemães. Visitei-os para buscar dados como datas de nascimento e falecimento, além de fotos dos antepassados. O objetivo das visitas e fazer a árvore genealógica de famílias alemãs, que apresenta uma demanda crescente no Brasil.
Você tem ideia da quantidade de cemitérios que visitou?
Devo ter visitado mais de cem cemitérios no Brasil. As pesquisas para realizar a genealogia das famílias começam nestes locais. . Antes da Segunda Guerra Mundial, as inscrições nas lápides ainda eram feitas em alemão. Durante o conflito, essas inscrições passaram a ser realizadas em português.
Cemitérios antigos de Lajeado, situados nos Bairros da Hidráulica, Conventos, São Bento e Olarias abrigam sepulturas de imigrantes. Nas cidades vizinhas, em Estrela e Cruzeiro, também têm cemitérios históricos onde cada colônia cuidava de seus mortos com grande reverência.
Que tipo de curiosidade você encontra nos cemitérios?
Uma curiosidade é o antigo cemitério desativado em São Bento, bairro onde nasci. Localizado nos fundos da escola municipal, o cemitério agora se encontra em uma área de loteamento, e futuramente, residências serão construídas no local onde imigrantes alemães foram sepultados
O cemitério católico São José, em Conventos abriga a maior quantidade de imigrantes alemães. O local se destaca por não ter sofrido tanta depredação, mantendo intactos os antigos hábitos de veneração aos mortos.
Talvez a mais notável seja um túmulo que de um jovem morto há quase cem anos, em Estrela. Na lápide deste jovem que foi assassinado, há também o nome do assassino.
Esse fato, registrado em alemão, me chamou atenção. Naquela época, eram comuns os desentendimentos entre vizinhos. Nos registros de óbitos que investiguei, as desavenças eram usuais, mas os assassinatos não, embora há registros de mortes por espingardas.
Qual a sepultura mais antiga do Vale?
Em 2020, mapeei o Cemitério Evangélico de Olarias, em Lajeado, um dos cemitérios mais antigos da região e que recebeu muitos imigrantes. Uma sepultura catalogada por mim no local é de um bebê. Trata-se de Friedrich Christian Philipp Scherer, nascido 08.11.1867, falecido 08.08.1869 (há 155 anos). Faleceu com menos de dois anos de vida.