Márcio Piccinini abriu as apresentações no Seminário Pensar o Vale – Os abalos ambientais e o impacto no campo. Agricultor de Roca Sales, teve prejuízos acima de R$ 5 milhões em duas inundações. Os prejuízos começaram em setembro. Quando trabalhava na reestruturação, a inundação de maio levou o que havia ficado.
“Além dos animais, as lavouras também foram devastadas. Foram cerca de 300 hectares com milho e trigo”, relembrou Piccinini, referindo-se às enchentes que levaram 20 bovinos, cerca de 700 suínos, além de toda a colheita que estava pronta.
Sem conseguir apoio governamental, Piccinini contou que obteve cerca de R$ 2 milhões em indenizações dos seguros, mas precisou negociar o restante das dívidas com fornecedores. “Não consegui nenhum crédito do governo. Não houve socorro. O retorno tem sido assim, um dia depois do outro.”
O impacto emocional ficou evidente. As memórias da inundação presentes na família toda. “Tinha animal morto por tudo. Em cima de árvore, nos tratores. Parecia um filme de terror.”
Todos os seis tratores, duas colheitadeiras, três caminhões, carros e motos ficaram debaixo d’água. “Eu tinha 140 hectares de trigo pronto para colher e 110 hectares de milho plantado. Perdi tudo. A gente não tinha mais nada, nem uma caixinha de fósforos para fazer fogo.”
Com o terreno encharcado, falta de acessos devido ao acúmulo de lama, não era possível retirar os animais mortos. Foi necessário improvisar covas na propriedade, para evitar a putrefação na superfície.
O depoimento trouxe à tona o drama vivido por milhares de produtores e o quanto a produção do Vale do Taquari foi afetada. O seminário, que debateu o futuro do Vale do Taquari, destacou a urgência de medidas para prevenir e responder a tais desastres, reforçando o papel da ciência, da agricultura e do respeito ao meio ambiente.