“Eu me sinto muito viva”

ABRE ASPAS

“Eu me sinto muito viva”

A professora e advogada de Lajeado, Victória Santos de Azevedo, 32, voltou a correr após 13 anos. Agora tem como objetivo concluir uma meia-maratona no próximo ano

“Eu me sinto muito viva”
Foto: acervo pessoal

Quando e por que começou a praticar corridas?

Comecei a praticar corridas ainda criança pois gostava muito de esportes. Com o tempo e outras demandas da vida que foram surgindo, acabei parando. Fiquei sem correr dos 17 até os 30 anos. Aos 30, voltei a correr quando um amigo da época da escola me convidou. Mesmo não tendo corrido mais de 300 metros na primeira tentativa, eu me senti muito feliz, porque uma parte de mim que gosta muito de esportes estava viva de novo.

Como foi a experiência na sua primeira prova?

Depois de adulta, minha primeira prova foi uma corrida do SESC que aconteceu em Taquari/RS, a cidade onde nasci. Fiz a prova de 3 km, e foi literalmente um misto de sensações. Acho que a mais intensa foi a de me sentir viva, por estar fazendo algo que gosto e me superando a cada passo, até porque o coração bateu bem forte e a respiração ficou bem intensa.

Qual a sensação de correr?

Eu me sinto muito viva! Poder prestar atenção em cada movimento que o corpo faz, ouvir minha própria respiração, sentir o coração batendo, e tudo isso de um jeito muito intenso! É estar presente de corpo e mente naquele momento, eu comigo mesma.

Qual foi o maior desafio?

Quando voltei a correr, eu tinha a ideia de que correr 1 km em menos de 5 minutos sem me machucar gravemente seria ótimo. Aí, quando isso aconteceu, eu fiquei ‘ué, como assim eu superei um desafio que parecia inalcançável antes?’ Agora, ainda estou lidando com isso, porque, de certa forma, é muito desafiador quando a tua mente te diz que algo é praticamente impossível e teu corpo vai lá e mostra que não! Com disciplina e fazendo aquele 1% por dia, deu para descobrir que é possível, sim! A mente da gente, de vez em quando, prega umas peças; não dá para confiar o tempo todo. Somos mais capazes do que pensamos.

Já teve dificuldades de completar alguma prova?

Sim! A prova do Circuito dos Vales, em Teutônia, realizada agora em 2024, foi, sem dúvida, um desafio completo. Diversas questões na minha vida pessoal estavam me incomodando, além da desmotivação causada pela enchente. Também comecei a sentir dores nos pés e nas canelas alguns dias antes da prova. Achei que não conseguiria terminar devido à dificuldade de me concentrar e à dor, que se intensificou durante a corrida. Contudo, com o apoio da equipe da qual faço parte e dos amigos – incluindo aqueles que não sei o nome, mas que me incentivaram com palavras de motivação ao longo do trajeto fiz o meu melhor.

Se tivesse que convencer uma pessoa a começar a praticar o esporte, o que argumentaria?

Pega uma roupa e um par de tênis confortáveis e vai testar a experiência. O início pode parecer difícil ou até confuso, mas é porque tudo que é novo causa estranhamento, depois passa. Correr é o esporte individual mais coletivo que existe; além de cada momento ser de superação, é incrível a sensação de estar vivo e presente em um momento que é muito pessoal.

Tem algum desafio que pretende encarar no futuro?

O meu maior desafio atualmente tem sido comigo mesma, que é entender que consigo fazer coisas que nunca imaginei ser capaz de fazer antes. Isso inclui aumentar as distâncias das provas em que costumo participar para 10 km e incluir alguma meia-maratona na lista de 2025.

Como o esporte ajudou no seu trabalho?

O esporte sempre me ajudou muito com a autoestima e a lidar com o imediatismo; ele me fez entender que, além de tudo, há um processo, e nele as coisas vão dar certo e errado, e está tudo bem. Essa perspectiva me permite enfrentar melhor os desafios no trabalho com mais resiliência, e, sendo bem clichê, aproveitando o processo.

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