“Eu sabia arrumar bicicletas e tinha o desejo de empreender”

ABRE ASPAS

“Eu sabia arrumar bicicletas e tinha o desejo de empreender”

João Guedes, 82 anos, mais conhecido como João Bicicleta, é uma lenda viva em Arroio do Meio. Natural de Santo Ângelo, João chegou à cidade em 1964 com apenas 22 anos, trazendo consigo uma paixão pelas bicicletas e um sonho de empreender. Desde então, tornou-se uma figura querida e respeitada, contribuindo não apenas para a comunidade local, mas também para a evolução da própria profissão de mecânico de bicicletas

“Eu sabia arrumar bicicletas e tinha o desejo de empreender”
FOTO: GABRIEL SANTOS

Como foi o início de sua jornada em Arroio do Meio?

O início foi bem desafiador. Cheguei em Arroio do Meio com pouco dinheiro e sem conhecimento da língua local, além de ter apenas minha caixa de ferramentas e a vontade de trabalhar. Comecei com um pequeno espaço na garagem, no centro da cidade, e foi com o apoio da comunidade que consegui me estabelecer. O povo daqui foi muito acolhedor, e isso fez toda a diferença. Foi aqui que formei minha família.

Como você adquiriu o conhecimento necessário para trabalhar com bicicletas?

Minha família tem uma história com mecânica. Aprendi muito com meu pai e meus tios, que lidavam com ferramentas e consertos. Quando cheguei aqui, eu já tinha uma boa base, mas o mercado foi mudando e eu tive que me adaptar. As bicicletas evoluíram bastante ao longo dos anos, com novos mecanismos, marchas e formatos de freios, e eu fui aprendendo tudo isso com o tempo.

E como surgiu o apelido “João Bicicleta”?

O apelido veio naturalmente. Como eu trabalhava com bicicletas e tinha habilidade na área, a comunidade começou a me chamar assim. Eu gostei e acabei me acostumando com o nome. Acho que é uma forma carinhosa de reconhecer o trabalho que faço.

Ao longo dos anos, como você viu a evolução das bicicletas e como isso impactou seu trabalho?

As bicicletas mudaram bastante desde que eu comecei. No começo, elas eram mais simples, com poucos recursos. Hoje em dia, temos modelos com múltiplas marchas, diferentes tipos de freios e outros avanços tecnológicos. Eu tive que aprender e me adaptar a todas essas mudanças para oferecer um bom serviço aos meus clientes. A evolução foi um desafio, mas também uma oportunidade de crescimento.

Quais foram os maiores desafios que você enfrentou durante sua carreira?

Um dos maiores desafios foi, sem dúvida, a adaptação às novas tecnologias e o constante aprendizado. Além disso, começar em um novo lugar, com um idioma diferente e sem muitos recursos, foi um grande desafio. Mas a determinação e o apoio da comunidade foram fundamentais para superar essas dificuldades.

Como foi conciliar a vida familiar com o trabalho?

A vida familiar sempre foi uma prioridade para mim. Meu trabalho com bicicletas era importante, mas minha família vinha em primeiro lugar. Com o tempo, conseguimos equilibrar as duas coisas. Meus filhos cresceram vendo meu trabalho.

O que você mais aprecia na sua trajetória e no seu trabalho?

O que mais aprecio é a relação que construí com a comunidade. Ver o reconhecimento das pessoas e o impacto positivo que meu trabalho teve em suas vidas é muito gratificante. Agradeço a todos que me apoiaram e me ajudaram ao longo desses anos. A conexão com as pessoas e a sensação de ter contribuído para a cidade é o que me fez continuar o trabalhando por muito tempo.

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