A diminuição do nível do Rio Taquari em cerca de dois metros, após abertura da Barragem Eclusa, em Bom Retiro do Sul, deixou à mostra bancos de cascalhos, embarcação afundada, assim como veículos e destroços da construção civil. No sábado, 17, representantes dos governos municipais e voluntários percorreram o leito e as margens do rio para fazer um diagnóstico do recurso hídrico e iniciar o planejamento das ações de limpeza.
Uma das atividades emergenciais é a retirada da balsa que colidiu com a ponte da BR-386, entre Lajeado e Estrela, durante a cheia de maio. A embarcação ficou submersa em frente aos silos do Porto de Estrela.
A balsa começou a operar em janeiro deste ano, depois que a enxurrada de setembro de 2023 derrubou a ponte da ERS-431, entre São Valentim do Sul e Santa Tereza. Com a enchente de maio, o veículo se desprendeu do atracadouro e foi arrastado pelo rio, passando pelos municípios de Muçum, Roca Sales, Encantado e Arroio do Meio.
A estrutura parou somente quando bateu na ponte da BR-386. De acordo com a empresa responsável, Lacel, o prejuízo foi de cerca de R$ 5 milhões.
No sábado, equipes da empresa estiveram no Vale do Taquari para tentar retirar a embarcação das águas. Responsável pelas operações das balsas da Lacel, Vitor Prates diz que foram soldados pontos para ancoragem de cabos, que serão utilizados para o reboque até a margem de Estrela, que deve ser feito ainda esta semana.
A ideia é retirar da água para analisar o casco. “Pode ser que tenhamos condições de levar a embarcação por água após alguns reparos, ou teremos que fazer o corte dela e carregar em módulos”, ressalta Prates. A embarcação será levada para São Jerônimo, onde passará por restauração.
À espera de estudos
As comportas da Barragem Eclusa foram abertas no dia 14 de agosto, como parte de uma ação para iniciar o diagnóstico e planejamento de futuras intervenções no Rio Taquari. Comandante da Defesa Civil de Lajeado, o Tenente Coronel Marcelo Maya esteve no leito com uma equipe de biólogos para analisar o perímetro do rio que corresponde à cidade.
Maya afirma que o acúmulo e cascalhos percebidos em pontos do rio diminui a profundidade das águas e a grande preocupação é quanto à vazão em caso de nova enchente. Ele acredita que com um obstáculo físico no curso, a força das águas diminui, fazendo com que ela se espalhe e ultrapasse o leito do rio.
Após uma primeira análise, o município agora aguarda estudos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Sema) e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para planejar qualquer ação de limpeza. “Temos esse medo em relação ao acúmulo de cascalhos, mas vamos aguardar os estudos para saber se há necessidade do desassoreamento, de qual medida precisamos tomar”, reforça.
Recuperar a mata ciliar
Uma equipe de Cruzeiro do Sul, composta pelo prefeito João Dullius, o biólogo Diego Sehn e o fiscal do meio ambiente Anael Gomes, também fez a avaliação do rio com o auxílio de barqueiros experientes.
Conforme o biólogo, o que se viu de dentro do rio é semelhante ao que se enxerga da margem. Com a mata ciliar destruída e pouca vegetação, ele destaca a necessidade de recuperação.
No rio, os profissionais também perceberam, em especial nas proximidades do bairro Passo de Estrela, pelo menos dois veículos, entre eles, um ônibus, e restos da construção civil. Por outro lado, Sehn ressalta não terem identificado resíduos que atrapalhem a navegação.
O município também aguarda estudos. Enquanto isso, as primeiras ações são de retirada dos veículos encontrados no rio.