A Federação das Entidades Empresariais do RS (Federasul) promove hoje mais uma edição da tradicional reunião-almoço “Tá na Mesa”. Serão cinco empresários no painel. Entre eles estão dois representantes do Vale do Taquari. O presidente do conselho administrativo da Dália Alimentos, Gilberto Piccinini, e o produtor rural de Roca Sales. Lourenço Caneppele.
Fecha a lista de palestrantes, o diretor comercial da TOP 3, Carlos Pereira, sócio do 360 Gastro Bar, Edemir Simonetti, e o presidente do conselho de administração da Oderich, Marcos Oderico Oderich.
O vice-presidente da Federasul, Rafael Goelzer, destaca que o propósito do encontro é chamar atenção para o socorro insuficiente. “As políticas públicas do governo federal não estão chegando. Até o momento não houve apoio concreto para a retomada das atividades empresariais.”
No Vale do Taquari, empresas de médio e grande porte não têm conseguido acessar as três linhas de crédito. “Sem um fundo garantidor, os bancos pedem garantias financeiras. Como acessar financiamentos se os bens da empresa foram destruídos? Se o terreno ficou em baixo d’água e não vale mais nada?”
Sobre as linhas de crédito, o Fundo Social de R$ 15 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é destinado para empresas com danos diretos devido às intempéries climáticas. O governo federal estabeleceu como regra a mancha de inundação. A informação dos empreendimentos atingidos é repassada às instituições financeiras.
No entanto, dois aspectos travam as liberações: falha no sistema de georreferenciamento e o critério de liberação dos financiamentos por parte dos bancos. “Estamos falando de empresas de referência que não tiveram alcance das medidas. Além de mal dimensionadas em termos de valores, as políticas são mal projetadas, impedindo que as empresas tenham acesso aos auxílios necessários”, critica Goelzer.
A reunião “Tá na Mesa” ocorre amanhã, em Porto Alegre. O evento também terá transmissão ao vivo pelo Youtube, na página da Federasul.
“Muito discurso, muito anúncio, mas pouca prática”
Conforme o vice-presidente da Federasul, a entidade quer mostrar casos reais de empresas que não conseguiram acessar as linhas de crédito, como uma forma de desmascarar a narrativa de que o problema no Rio Grande do Sul está resolvido. “O que se vê é muito discurso, muito anúncio, mas pouca prática. A realidade é que as empresas estão desamparadas, e isso tem impactado diretamente na manutenção de empregos e na economia do estado”, ressalta.
Para ele, o governo federal apresenta uma narrativa para o país de que o problema no RS foi resolvido. “O Vale do Taquari, construído pelo trabalho de gerações inteiras, foi acometido pela maior tragédia do Brasil, e ainda assim, não conseguimos acesso a uma mínima condição de ajuda do governo.”
Proteção do emprego
Além dos créditos às empresas, o auxílio de dois salários mínimos para manter a empregabilidade também não emplacou, afirma Goelzer. “Cerca de 10% das empresas atingidas acessaram o recurso. O governo poderia ter refeito uma política que funcionou na pandemia, com a suspensão dos contratos, e optou por algo ineficiente.”