Reconexões e responsabilidades

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Reconexões e responsabilidades

A ponte do Exército entre Lajeado e Arroio do Meio foi instalada em tempo recorde, afirmam os comandantes do batalhão responsável pelo serviço. O trabalho foi finalizado no domingo passado e o tráfego de veículos leves e pesados já está liberado por parte deles. Entretanto, e isso gerou muita reclamação e críticas, o acesso até a cabeceira da travessia provisória sobre o Rio Forqueta ainda não está 100% finalizado no lado lajeadense do novo trajeto. É o lado mais longo e complexo, é bem verdade. E cujos recursos disponibilizados pelo Estado já se esgotaram faz mais de 15 dias. Mas, e diante da urgência em liberar o tráfego de caminhões entre as duas cidades, o atraso – mesmo que justificável em alguns aspectos – caiu como uma ducha de água fria sobre os líderes presentes no ato oficial de entrega da ponte, realizado na fria e chuvosa manhã de ontem. A impressão é que não houve prioridade à obra iniciada no já distante mês de maio. Um erro crasso. Tanto por parte do governo de Lajeado, como de outros tantos municípios e entes beneficiados.

Foto: Gabriel Santos

O atraso na construção do trecho viário com cerca de dois quilômetros pegou diversos agentes regionais de surpresa e desnudou, outra vez, a falta de interesse e estratégia coletivas para gerenciar ações e custeios dos processos de reconstrução e reconexão do Vale e do Estado. Afinal, a complexa obra não deveria ser uma prioridade – ou preocupação – só dos lajeadenses e arroio-meenses. Assim como o custeio, logo adiante, das manutenções que se farão necessárias nas estradas de chão batido e lama. Ora, o tema é regional, estadual e nacional.

Foto: divulgação

Por óbvio, a responsabilidade precisa ser distribuída. A mesma lógica é aplicada aos acessos lajeadense e arroio-meense à Ponte de Ferro, abarrotados de veículos de todas as partes do Estado. E deve ser ainda mais observada junto às pequenas e machucadas comunidades de Roca Sales, Colinas e Imigrante, que hoje recebem um número expressivamente maior de veículos pesados oriundos da ERS-129, e não parecem contar com apoio suficiente por parte de outros tantos municípios e entes beneficiados.

Diretrizes urbanísticas pós-catástrofe

O governo de Lajeado publicou decreto para estabelecer “diretrizes urbanísticas para processos de loteamento para empreendimentos habitacionais de interesse social, originados da calamidade pública”. E, entre as regras determinadas pela municipalidade, destaque aos lotes com área mínima de 125 m² e frente mínima de 5 metros, “salvo quando o loteamento se destinar a urbanização específica ou edificação de conjuntos habitacionais de interesse social, previamente aprovados pelos órgãos públicos competentes”; arruamento na largura mínima de 14 metros, sendo 10 metros de pista de rolamento e 2 metros de passeio de cada lado, salvo maiores exigências do Sistema Viário.

Amturvales e Lula

Presidente da Amturvales, Charles Rossner vai participar do 8º Salão do Turismo, que ocorre entre esta quinta-feira e domingo, no Rio de Janeiro. Representando o turismo do Vale do Taquari, o empresário e ex-secretário municipal de Encantado terá uma audiência com o presidente Lula e o Ministro do Turismo, Celso Sabino de Oliveira. Em pauta, a reconstrução do setor turístico no estado e na região. O evento terá diversos momentos de homenagem ao Rio Grande do Sul e deve receber mais de 100 mil pessoas nos quatro dias.

Mais força à Defesa Civil

O governo estadual estuda formas de ampliar o efetivo das coordenadorias regionais de Defesa Civil. Hoje, por exemplo, o coordenador do Vale do Taquari também precisa se preocupar com o Vale do Rio Pardo. A ideia é criar postos de “coordenador-adjunto” para atender de forma mais célere os respectivos Vales. Mas vamos combinar. A reestruturação da Defesa Civil no Rio Grande do Sul também precisa ocorrer dentro do próprio governo estadual. Não podemos mais aceitar que uma organização tão importante seja um “puxadinho” da Casa Militar.

Radar improvisado em Porto Alegre…

Uma das principais ações anunciadas pelo governo estadual após a tragédia de setembro do ano passado ainda não foi entregue à população gaúcha. A instalação de um novo e moderno radar em um morro na cidade de Montenegro, para monitorar as questões climáticas e garantir melhores subsídios para as tomadas de decisões, custa a ocorrer. O último entrave foi o capotamento de um caminhão guincho que transportaria o equipamento. Diante disso, e depois de tanto tempo e anúncios, a badalada ferramenta será instalada de forma provisória em Porto Alegre. É tragicômico.

TIRO CURTO

  • Eu escrevi, logo após a catástrofe de maio, que as eleições municipais deveriam ser proteladas. Poucos concordaram. Mas muitos estão percebendo, hoje, o quanto o pleito pode ser danoso ao delicado processo de reconstrução do Vale.
  • Promotor eleitoral na Comarca de Lajeado, Carlos Augusto Fiorioli participou do programa Frente e Verso e alertou para possíveis ações contra candidatos por “abuso de poder político”. Um erro que pode ter sido cometido antes mesmo do início da campanha, diga-se de passagem.
  • Aliás, não deve ser fácil a vida de promotor de Justiça com tanto correligionário vasculhando a vida alheia e abarrotando o Ministério Público com denúncias anônimas.
  • Em tempo, parabéns a quem se disponibiliza a colocar o nome à disposição do crivo dos eleitores. Não deve ser fácil a decisão de se expôr desta maneira.
  • O governo federal, enfim, anunciou o novo modelo de alertas para eventos climáticos, por meio de mensagens enviadas para aparelhos de celular localizados em áreas de risco. Uma promessa feita em março, durante visita da comitiva presidencial a Lajeado, com previsão – à época – de iniciar o projeto-piloto em abril. Ficou para agosto. E tomara que não fique para setembro.
  • Eu digo e repito (com ironia, claro): deveríamos ter eleições todos os anos. Desta forma, as vias públicas estariam sempre bem cuidadas, sem buracos, com o meio-fio pintado, o canteiro ajardinado…

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