Como surgiu a ideia de trabalhar com idosos?
Trabalhar com esse público, eu vejo que veio muito da convivência com minha avó materna, com minha mãe e tias. Sempre fui muito atencioso com elas, assim como paciente e respeitoso com todos os idosos. Entretanto, uma influência muito grande que tive foi a professora Maria Alice Corazza, profissional que idealizou a ginástica com idosos há 54 anos.
Um fator determinante para o gosto e amor pelo meu trabalho, foi o legado que minha mãe deixou antes de faleceu em 2019, de câncer. No hospital ela me disse: “Meu filho, cuida dos teus vovozinhos, abraça, beija eles, te dedica como se você estivesse fazendo para mãe, toda vez que beijar e abraçar eles, faça de conta que eu estou ali”. Levo isso comigo todos os dias.
Qual aula mais lhe marcou?
Um encontro de “Vivências”, onde levei os idosos para ver o mar pela primeira vez. Uma senhora na hora de ir embora, pegou uma garrafinha, uma sacola e começou a encher a garrafinha com a água do mar e colocou areia da praia na sacolinha. Cheguei e perguntei a ela: “Vó a senhora está levando de lembrança?”, e ela me respondeu: “Não meu filho, vou levar para meu veio (marido) que ficou em casa cuidando dos bichos e não conhece a água do mar e nem a areia da praia”. Confesso que naquele momento comecei a chorar.
Que aprendizado você obteve no decorrer desses anos?
Aprendi principalmente que para trabalhar com idosos é preciso muito mais que qualquer graduação, é necessário ter perfil. É não ter problema em responder a mesma pergunta 10 vezes só que de maneira diferente até o idoso entender. Foi um grande ensinamento perceber que o amor que eles nos dão, muitas vezes é maior do que aquele que têm com os filhos e a vida pode ser, e é, muito bela também depois dos 60 anos.₢
Quais foram seus maiores desafios no início de seu trabalho?
Foi quebrar paradigmas de que você pode proporcionar exercícios para idosos. Eu ouvia as pessoas dizendo: “Não vai quebrar os ossinhos deles?, ou então, exercício não é algo destinado aos idosos”. Também encontrei dificuldades em introduzir projetos com idosos como forma de políticas públicas financiadas por programas já existentes do governo.
