Lei torna a língua alemã como patrimônio cultural de Venâncio Aires

BICENTENÁRIO DA IMIGRAÇÃO

Lei torna a língua alemã como patrimônio cultural de Venâncio Aires

Especialista em línguas diz que a medida representa um despertar histórico

Lei torna a língua alemã como patrimônio cultural de Venâncio Aires
Venâncio Aires

Foi aprovado na Câmara de Vereadores projeto de lei que institui a língua alemã como patrimônio cultural do município de Venâncio Aires, como forma de preservar e valorizar a via de expressão dos imigrantes germânicos. Ainda pelo projeto de lei, a Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer, Secretaria de Educação e de outros órgãos da administração municipal, ficam autorizados a criar grupos de estudos e de trabalhos para viabilizar programação regular e continuada de ações e atividades a serem desenvolvidas junto às escolas municipais.

“As ações e os trabalhos de valorização da língua alemã, em Venâncio Aires, devem envolver ainda aproximação, integração, intercâmbio, parcerias e trocas de experiência com outros municípios do Rio Grande do Sul e do Brasil, que já tenham ações e programas direcionados ao mesmo fim”, é destacado na justificativa do projeto, assinado pela presidente do Legislativo, vereadora Claidir Kerkhoff Trindade (Republicanos). A justificativa diz ainda “neste sentido, deve também ser incentivada a busca de intercâmbio entre poder público municipal e instituições da Alemanha e de outras nações, para fomentar a importância do estudo e da prática da língua alemã”.

Despertar histórico

Especialista linguística, a venâncio-airense Solange Hamester Johann destaca que a aprovação da lei é um despertar histórico. “Como venâncio-airense fico imensamente feliz em saber da aprovação da lei. Esse despertar de consciência dos representantes do Poder Público e de cada um dos nossos munícipes é extremamente importante para preservação da identidade étnica e cultural de cada indivíduo e de um grupo. No caso de Venâncio Aires não é diferente por representar um grande grupo de descendentes germânicos que a partir de 1850 colonizaram parte do nosso município”, destaca a especialista.

Solange é fluente e especialista no idioma Hunsrik, considerado o mais falado idioma germânico trazido ao Brasil por imigrantes e recentemente incluído para consulta no Google Tradutor. Ela cita que é dever dos governos facilitar e oferecer subsídios para a conservação das diferentes qualidades dos povos, em especial da língua falada ou escrita. “Muito se ouve falar da diversidade cultural do Brasil, por isso mesmo, cuidar do que é nosso e daquilo que nos caracteriza é importantíssimo para que não desapareçam esses conhecimentos, hábitos e costumes”

Solange cita ainda que esse movimento mundial para preservação do patrimônio imaterial dos povos surgiu em 1982. “Essa lei permite o avançar dos direitos linguísticos, o que já vem sendo construído mundialmente desde o ano de 1982 quando assembleia da Unesco em Paris foi tratado pela primeira vez do tema envolvendo o patrimônio imaterial dos povos. Nesse mesmo sentido, no Brasil, em decreto federal, de 2010, foram criadas as línguas brasileiras que hoje já são 250 línguas indígenas e 56 línguas imigração, das quais nós falantes da língua Hunsrik somos o segundo idioma mais falado no Brasil com três a quatro milhões de falantes, o que inclui Venâncio Aires. Na Capital do Chimarrão a língua imigrante germânica mais falada é da mesma forma o Hunsrik”

Já são patrimônios cultural e imaterial, por exemplo, em Venâncio Aires, a Festa Nacional do Chimarrão (Fenachim), o chimarrão, a galinhada e a Orquestra de Venâncio Aires.

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