Dorali Bergmann e Neusa Nunes comemoram 28 anos desde a primeira contratação como agentes comunitárias de saúde em Lajeado. Ao longo de quase três décadas, junto a outros profissionais, têm sido pilares no atendimento à saúde da comunidade local, enfrentando desafios e acompanhando de perto as transformações no setor.
Dorali Bergmann atende atualmente a microárea 3, no bairro Santo André. Inicialmente, essa área estava dividida em quatro zonas, mas hoje é composta por três, abrangendo cerca de 200 famílias. “Quando começamos, o trabalho era extremamente difícil devido ao número de famílias a serem atendidas”, lembra Dorali. Neusa destaca que, na época, o deslocamento era feito a pé, o que, apesar de cansativo, possibilitava visitas mais produtivas e um tempo maior para conversas com as famílias. Ela observa que, à época, havia menos problemas de saúde comparado aos dias atuais.
Neusa começou atendendo partes do Planalto e do bairro Imigrante e, desde então, acompanhou o crescimento dessas áreas. Hoje, ela se concentra de forma exclusiva no bairro Igrejinha, onde atende cerca de 700 famílias. Ela destaca o avanço significativo na saúde do município ao longo dos anos. “A saúde em Lajeado deu um salto tremendo. Hoje temos Caps, Casa Azul, Estratégias de Saúde da Família, e muitas outras melhorias.”
Ambas descrevem desafios, como a falta de transporte público em algumas áreas, especialmente nas comunidades com maior concentração de idosos. “A ausência de transporte dificulta o acesso aos serviços de saúde para essas pessoas”.
Os horários de visita dos agentes são ajustados de acordo com as necessidades das famílias, alguns feitos após horário comercial. O conhecimento profundo que os agentes têm sobre as comunidades facilita o atendimento. “A vantagem é que conhecemos todas as famílias, o que ajuda a tornar o atendimento mais eficaz”, explica Neusa.
Desde que passaram no concurso em 2007, Dorali e Neusa têm conseguido dar maior ênfase às suas atividades, além de participar de treinamentos e capacitações contínuas. Ambas destacam a importância de informar às comunidades que, apesar de seu papel de liderança, elas são funcionárias do SUS e utilizam o sistema de saúde.
O trabalho de um agente comunitário de saúde, embora cansativo, é descrito por Neusa como “prazeroso”. Ela e Dorali dedicam-se não apenas ao atendimento básico de saúde, mas também auxiliam com necessidades diversas como alimentação e vestuário, e lidam com situações delicadas como maus-tratos e abusos.
Atualmente, o município de Lajeado conta com 60 agentes comunitários de saúde. Dorali e Neusa, após 28 anos de dedicação, não conseguem imaginar fazer outra coisa. Dorali, mesmo aposentada, continua a prestar serviços à comunidade. Já Neusa é acadêmica do curso de Serviço Social, com previsão de formatura no próximo ano, e planeja inaugurar sua ONG, “Florescer, só depende de você”, que prestará apoio a mulheres vítimas de violência doméstica.
A trajetória de Dorali e Neusa ilustra o impacto profundo e duradouro que agentes comunitários de saúde podem ter em suas comunidades, promovendo bem-estar e oferecendo suporte em momentos de necessidade.
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