Organizações do setor produtivo avícola nacional, junto com órgãos de controle como o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e a Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, montam uma força-tarefa para evitar a disseminação da Doença de Newcastle (DNC).
O contágio foi confirmado em Anta Gorda. Como forma de evitar a disseminação, serão feitas barreiras sanitárias em um raio de três quilômetros da propriedade. Também se intensifica a fiscalização e os testes nos plantéis de aviários dentro de dez quilômetros. São pelo menos 800 propriedades que vão passar por esse trabalho nos próximos seis dias.
Pelos dados, a DNC foi constatada em um aviário com 14 mil animais. Destes, 7 mil haviam morrido. Ao ser contatado, o setor de fiscalização fez o teste em 12 amostras. Apenas uma apresentou o diagnóstico para a doença. As demais aves foram sacrificadas e o aviário passa por desinfecção.
Pela investigação dos órgãos de controle, a contaminação em Anta Gorda foi a partir de um pombo. O aviário teve uma abertura no telhado depois de um temporal de granizo por onde o agente patológico pode ter ingressado.
Embargo automático
A enfermidade afeta aves domésticas e silvestres. Pelas regras mundiais, o Mapa emitiu um embargo automático para países da União Européia, China e Argentina. Isso representa que nenhum produto do Brasil será vendido para estes mercados.
Conforme o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, essa é uma decisão de praxe e estabelece um tempo de 30 dias. Porém, é possível haver mudanças em menos tempo. “Os países agora se manifestam ao ministério. Por exemplo, o Japão já estabeleceu como regra a limitação de 50 quilômetros de raio à compra de carne.”
O presidente da Associação Gaúcha de Avicultura, José Eduardo dos Santos, destaca a seriedade com que o caso vem sendo tratado. “Temos os serviços oficiais e os representantes da indústria com uma atuação firme. Detectamos essa contaminação e agimos com transparência para o mercado e para a população. Apuramos as informações e mostramos um trabalho voltado ao fortalecimento da bioseguridade”, destaca.
De acordo com Santin, a enfermidade não causa riscos para a população. “É um caso único e isolado. A doença é menos agressiva que a influenza. A preocupação dos países é evitar o contágio das aves internas. Não há risco de virar uma endemia e impactar no abastecimento de carne”, assegura o presidente da ABPA.
“O pior cenário tende a não se confirmar”
As associações do setor de proteína animal fazem uma análise partindo do pior cenário. Com os embargos já confirmados, para China, Argentina e parte da União Europeia, haveria uma queda na venda de 60 mil toneladas de carne de frango por mês. Isso equivale até 7% da produção nacional.
“O mundo olha para o Brasil neste momento. Somos o maior exportador de carne de frango. É importante que mostremos tudo o que está sendo feito para manter a segurança dos alimentos”, diz o presidente da ABPA.
Na avaliação de Santin, os próximos dias serão decisivos. “O pior cenário tende a não se confirmar. Acredito que os embargos começarão a cair antes do prazo de 30 dias. As populações precisam de alimentos, e a carne de frango brasileira alcançou a excelência, é segura, e não temos notícias de mais infecções.”
Detalhes
Contágio Confirmado
- Local: Anta Gorda
- Diagnóstico: Doença de Newcastle (DNC)
- Aviário afetado: 14 mil aves
- Após a morte de sete mil animais, órgãos sanitários fizeram os testes em 12 amostras
- Uma deu positivo à DNC
- Investigação aponta que agente patológico entrou após temporal de granizo ter destelhado parte do aviário
- As sete mil aves restantes não tinham qualquer sintoma da doença
- O protocolo sanitário exige o sacrifício de todo o lote e descontaminação do aviário
Medidas de contenção
- Barreira sanitária: Raio de 3 km
- Fiscalização intensificada: Raio de 10 km
- Propriedades afetadas: 800
- Duração das ações: próximos 6 dias
Impactos Econômicos
- Potencial queda de exportação: 60 mil toneladas/mês (até 7% da produção nacional)