Demora para reconstrução de pontes prejudica comunidades

APÓS 70 DIAS

Demora para reconstrução de pontes prejudica comunidades

Quatro passagens destruídas em maio somam investimento acima dos R$ 17,7 milhões. Obras fazem parte de programa da Defesa Civil Nacional para situações de calamidade. Necessidade de análise técnica, projetos de execução eplano de trabalho são os argumentos para nenhuma delas terem sido iniciadas

Demora para reconstrução de pontes prejudica comunidades
Ligação entre Marques de Souza e Travesseiro precisará ser reconstruída praticamente do zero (Foto: Gabriel Santos).
Vale do Taquari
CCR-aviso-ponte

Após 70 dias da maior catástrofe do RS, nenhuma das pontes prometidas pelo governo federal foi entregue. A demora para garantir a ligação entre os municípios interfere no atendimento básico às populações e os prefeitos clamam por respostas.

Os quatro projetos em elaboração visam o reestabelecimento na ligação entre Arroio do Meio e Lajeado (com uma ponte de dois sentidos capaz de suportar caminhões); entre Marques de Souza e Travesseiro; em Canudos do Vale; e em Forquetinha.

O governo federal separou recursos para as obras por meio da Defesa Civil Nacional. São mais de R$ 17,7 milhões empenhados. Conforme o Ministério da Reconstrução, o investimento faz parte do programa calamidade, voltado ao restabelecimento da logística dos municípios.

“As promessas não se concretizaram na prática. Isso causa uma frustração muito grande. Temos a sinalização, contamos com a obra, com o recurso, e não se realiza. A reconstrução das pontes é crucial para restabelecer a normalidade na região, mas os desafios burocráticos e técnicos continuam a atrasar esse processo”, avalia o prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo.

Essa análise é corroborada pelo próprio ministro da Reconstrução, Paulo Pimenta. Em entrevista concedida à revista Veja na semana passada, ressaltou os obstáculos burocráticos que interfere nas entregas à reconstrução do Estado.

Na publicação, Pimenta disse que falta de mão de obra para execução dos planos, junto com isso, a exigências excessivas de laudos e pareceres têm atrasado o avanço das medidas emergenciais. Essa consideração traz como consequência a aplicação dos recursos.

Ajustes no projeto

Para a ligação entre Marques de Souza a Travesseiro, o governo federal garantiu R$ 4,1 milhões para a reconstrução da ponte entre os municípios. A estrutura original foi destruída pela cheia histórica do Rio Forqueta. Segundo o prefeito de Marques de Souza, Fábio Mertz, o plano de trabalho foi aprovado, mas o valor anunciado é insuficiente para cobrir os custos totais da obra.

“Na semana passada estivemos em Brasília. Pediram dois ajustes no projeto”. A ponte inaugurada em 2006 tinha sete pilares, seis vãos e 24 vigas de concreto. A avaliação inicial revela que dois pilares e três vãos foram arrastados pela força das águas do Forqueta, o que torna a reconstrução um desafio técnico e financeiro.

Cidade dividida

Em Canudos do Vale, o governo federal aprovou um plano de trabalho para a reconstrução da ponte urbana, com um investimento de R$ 3,2 milhões. A estrutura era o principal acesso entre os dois lados da cidade e caiu durante a enchente de maio.

“Estamos divididos. Muitas pessoas têm dificuldade em acessar serviços essenciais, como a Unidade de Saúde e a agência bancária”, diz o prefeito Paulo Bergmann. Sem a ligação, o poder público e a comunidade construíram uma pinguela para possibilitar a ligação. Além disso, a Secretaria Municipal de Obras trabalha em uma estiva sobre o Arroio Forquetinha para o tráfego de veículos leves.

Ligação entre Arroio do Meio e Lajeado

A iniciativa privada garantiu uma passagem para veículos leves onde era a Ponte de Ferro. Com isso, outro projeto começou a ser elaborado pelo governo de Lajeado. A estrutura ficaria ao lado da passagem histórica remodelada.

Mais larga, o modelo garante duas vias de fluxo e passagem de veículos de carga. Ainda em maio, o ministro Paulo Pimenta anunciou R$ 6,7 milhões para a reconstrução. Na manhã de ontem, houve uma reunião entre o Ministério da Reconstrução e a coordenação da Defesa Civil Nacional sobre o projeto. Até o fechamento desta edição, não houve informações adicionais com relação aos encaminhamentos do encontro.

Pelo estudo feito por Lajeado, seriam necessários R$ 13 milhões para a nova ponte. O governo federal assinalou custear na integralidade a construção. Os municípios ficam com a responsabilidade de fazer os acessos à estrutura.

Histórico da destruição

  • Ponte Lajeado – Arroio do Meio

MAIO

Dia 2: As duas pontes (sobre a ERS-130 e a de Ferro) foram levadas pelo Rio Forqueta

Dia 9: O Movimento Amigos do Vale lança a campanha “Juntos Pela Ponte”

Dia 11: O governo federal anuncia R$ 6,7 milhões para o projeto

Dia 26: O governo de Lajeado anuncia licitação para nova ponte sobre o Rio Forqueta, ao lado da Ponte de Ferro

  • Ponte Travesseiro – Marques

MAIO

Dia 2: Ponte é levada pelo Rio Forqueta

JUNHO

Dia 7: Os governos municipais iniciam construção de pinguela sobre o Rio Forqueta

JULHO

Dia 13: Estrutura restante da ponte entre Travesseiro e Marques de Souza terá que ser implodida (13/07)

  • Ponte Canudos

MAIO

Entre os dias 3 e 6: Estrutura é destruída pela catástrofe.

Dia 21: Governo federal anuncia R$ 3,2 milhões para reconstrução da ponte.

  • Ponte Forquetinha

MAIO

Entre os dias 2 e 6: Ponte Bauereck sucumbe a força da água e desaba.

Dia 24: Aprovado o recurso de R$ 3,7 milhões para reconstrução.

Acompanhe
nossas
redes sociais