Com as dificuldades enfrentadas em diversos setores afetados direta ou indiretamente pela maior enchente já registrada no Estado, certos estabelecimentos conseguiram um fluxo de caixa por meio das consequências surgidas pela tragédia. A rede hoteleira, fortemente beneficiada pelo momento turístico vivenciado na Terra do Cristo Protetor antes das cheias, se viu com grande parte de seus hóspedes como trabalhadores oriundos de outros municípios, e que agora estão em Encantado para atuar em obras de reconstrução e outras áreas.
A rede hoteleira de Encantado é composta por quatro estabelecimentos: Di Marco Hotel, Hotel Hengu, Hotel Rizzi e Hotel Turatti. Segundo a gerente do Hengu, Karina Mezzomo, o impacto imediato da última enchente foi ter muito hóspedes sem conseguir se deslocar, permanecendo no hotel do dia 29 até quatro de maio. “Não foram dias fáceis, sem água e luz, fazendo além do café da manhã, almoço e jantar para todos. Já na segunda semana vieram as equipes de trabalho para restabelecer os serviços em nossa cidade e cidades vizinhas, e desde então recebemos muitos trabalhadores de fora”, afirma.
Vários hóspedes do Hengu são de outras regiões e estados e estão aqui para ajudar. “Nossos clientes habituais já retornaram e continuamos a receber equipes de trabalho, seja para restabelecer os serviços básicos ou para atuar nas empresas da região”, salienta Karina. E o mesmo cenário se repete nos outros estabelecimentos. No Hotel Rizzi, quando o caos começou a diminuir, a procura foi abrangente pelas acomodações do local.
“Voluntários, pessoas da cidade que tentavam retornar para as suas casas. Devido à falta de lugares conseguimos acomodações em casas particulares para acudir e acalentar todas elas. Logo depois tivemos a companhia de muitas empresas que estavam aqui para colaborar com o reestabelecimento da energia elétrica, e permaneceram conosco por mais 30 dias”, salienta a proprietária Adriana Rizzi.
Atualmente, entre os hóspedes do Rizzi, estão alguns colaboradores de empresas prestadoras de serviço que permanecem em Encantado para auxiliar na retomada de outros empreendimentos. E assim também é o caso do Hotel Turatti, estabelecimento situado no centro da cidade há mais de 50 anos. “Apesar do impacto imediato, assim que começou a estabilizar tivemos um incremento no movimento por conta das empresas que vieram para cá prestar serviços. E assim continua sendo, diversos empreendimentos estão hospedados e é uma movimentação com uma regularidade já que há muito o que reconstruir” afirma Roberto Turatti, sócio proprietário do hotel.
Crescimento turístico
Com a previsão de inauguração do Complexo do Cristo Protetor e o Boulevard Encantado até o fim do ano, o setor turístico segue sendo uma área com perspectivas promissoras para o desenvolvimento do município. A rede hoteleira é uma parte central para o sucesso do setor. “Com o Cristo o movimento aos finais de semana aumentou. Em função disso, em março iniciamos a implementação do elevador e com isso faremos outros investimentos na estrutura a fim de ofertar melhores serviços aos clientes”, revela a gerente do Hengu.
“Era um excelente movimento antes das tragédias, uma ocupação total do hotel. Agora atendemos pessoas que vem de longe e a maioria pede como ajudar as famílias diretamente”, conta Adriana. A proprietária do Hotel Rizzi também faz um apelo para agilizarem as ações de combate as cheias. “Precisamos drenar nossos rios que estão cheios de entulhos, sabemos que é caro, demorado e complicado, mas quão caro é ter que realocar as pessoas e ver tanta destruição enquanto nos encolhemos de medo perante chuvas mais intensas? É triste, e acho que vai demorar até melhorar, pois nem boas estradas temos, e isso é o básico”, lamenta Adriana.
No Turatti, o estabelecimento também passou por melhorias. “Fizemos uma pintura externa e agora uma interna, trocando algumas coisas e modernizando outras para atender as demandas”, afirma o sócio proprietário, cujo hotel teve dois metros de água em sua estrutura na enchente de maio.
Outro setor beneficiado
Além da rede hoteleira, os serviços de alimentação também tiveram um folego com as equipes de trabalho que chegaram a Encantado pós-enchente. Segundo o proprietário do Restaurante e Churrascaria Clover, Ademar Bertamon, a chegada desse pessoal foi o que manteve o estabelecimento em dia logo após o desastre. “Nos primeiros dias foram apenas esses trabalhadores que movimentaram o restaurante, agora está voltando a ter uma variedade maior de clientes, mas no início foram eles que seguraram o negócio”, revela.